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atividades para pessoas com autismo

Os desafios sociais em “O Amor no Espectro”

A Netflix lançou um documentário/seriado chamado “Amor no Espectro”. Nele, os espectadores acompanham 7 jovens dentro do espectro do autismo vivenciando os desafios de encontrar um par amoroso.

A cada episódio aprendemos mais sobre o PROCESSAMENTO de pessoas no espectro através de experiências vividas por Michael, Chloe, Maddi, Kelvin, Mark, Olivia e Andrew, e mais do que isso, vemos muitos mitos caírem por terra.

7 aprendizados sobre pessoas com autismo

Vamos listar para vocês 7 aprendizados que podem ser adquiridos neste seriado observando os jovens com autismo.

  1. Pessoas possuem processamento, interesses, estilos de aprendizado e formas de se expressar no mundo que são diferentes. Somos todos únicos e, quanto a pessoas dentro do espectro, não poderia ser diferente.
  2. Pessoas com autismo têm dificuldade de interagir, isso não significa que elas não queiram.
  3. Pessoas com autismo, possuem empatia e emoções. Podem ter dificuldade no componente cognitivo das emoções, ou seja, sentem, mas podem ter dificuldade de demonstrar suas emoções conforme os padrões sociais.
  4. Mesmo em casos leves, as dificuldades sociais e sensoriais podem ser extremamente desafiadoras. O fato de ter um autismo leve não significa que a pessoa não necessite de adaptações.
  5. Crianças com autismo crescem, desejam ter relacionamentos amorosos e necessitam de apoio para suas necessidades.
  6. Todo ser humano pode aprender, independentemente da idade. Então, a estimulação das habilidades sociais continua na fase adulta em seus novos desafios.
  7. A necessidade de autorregulação é uma característica do processamento, não vale a pena batalhar contra os comportamentos de autorregulação. Uns vão precisar de uma cobra, outros pular, outros repetir palavras e falar dos mesmos assuntos.

 

Amor no Espectro da Netflix
Imagem da Netflix

Os casais com autismo retratados na série

Além dos desafios vivenciados por jovens em busca do amor, o seriado nos mostra o dia a dia de dois casais, Thomas e Ruth, Jimmy e Sharnae, todos diagnosticados no espectro do autismo. Algumas características são marcantes na forma com que eles vivenciam o amor:

  • a ausência de jogos sociais tão frequentes em relacionamentos entre pessoas neurotípicas;
  • o “sincericídio” relacionado às suas reais intenções em um relacionamento;
  • o que é dito é dito abertamente sem mensagens implícitas;
  • a ausência ou um grau muito pequeno de malícia/filtro social – o que é demonstrado quando os membros do casal respondem às perguntas do documentarista com total honestidade sobre as características do parceiro ou de si mesmo.

Os dois casais da série que já estão em um relacionamento estável têm muito a ensinar a pessoas neurotípicas. Demonstram admiração e respeito pelos hiperfocos dos parceiros, pelas áreas de interesses e talentos do outro, pela necessidade de autorregulação de cada um. Isso só é possível quando desenvolvemos a habilidade de empatia, quando conseguimos nos colocar no lugar do outro para compreender as necessidades do outro, e os dois casais demonstram uma bonita empatia em diversas situações.

Desafios de um pensamento rígido

Já em relação às dificuldades, um dos e aprendizados dos jovens retratados na série é lidar com eventos imprevistos ou que saem do planejamento original. Jimmy preparou uma surpresa para sua namorada, um jantar romântico onde faria o pedido de casamento. Os dois estavam prestes a sair para o jantar quando Jimmy se deu conta que não havia trazido meias azuis que combinariam com seu terno azul. O detalhe da meia bastou para que ele não conseguisse ir adiante com seus planos até que comprasse meias azuis.

A rigidez do pensamento de Jimmy naquele momento está relacionada à sua dificuldade no desenvolvimento da flexibilidade cognitiva. A flexibilidade cognitiva é uma habilidade que nos permite reconhecer que existem formas diferentes para resolver os problemas, ela nos ajuda a visualizar alternativas às situações que não acontecem como esperado, nos ajudam a mudar nossos planos, estratégias, métodos e formas de fazer as coisas buscando soluções para diversos conflitos mentais ou situações cotidianas como as vivenciadas por Jimmy. Com a flexibilidade cognitiva, o cérebro consegue deixar de pensar em algo (hiperfoco) e pensar rapidamente em outra coisa; consegue também considerar a perspectiva, os interesses e as necessidades do outro na avaliação de uma situação.

Amor no Espectro da Netflix
Imagem da Netflix

Habilidades sociais para a interação

Enquanto acompanhamos os participantes da série na busca por conexão humana, notamos como as habilidades sociais são essenciais para se criar e manter essa conexão. Além da flexibilidade cognitiva, observamos nas tentativas de interação dos participantes como são importantes as habilidades de comunicação verbal (expressar e compreender as nuances da comunicação) e comunicação não verbal (o uso e a compreensão de expressões faciais, contato visual, gestos e sinais sutis sociais como quando olhamos para o celular ou desfocamos o olhar em uma interação demonstrando desinteresse por determinado assunto). O grau de dificuldade em adquirir essas habilidades influencia fortemente a construção de amizades e de relacionamentos amorosos. A coragem e persistência dos participantes da série para desenvolver essas habilidades na frente das câmeras é imensamente inspiradora.

E você, assistiu a ” Amor no Espectro”? Compartilhe conosco seu maior aprendizado acompanhando os desafios amorosos dos jovens com autismo.

Para mais informações sobre como iniciar e construir interações com pessoas com autismo, acesse nossos artigos sobre Autismo e responsividade, e Motivação instrínseca na aprendizagem.

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Por Jaqueline França

Consultora Sênior Trainer da Inspirados pelo Autismo

Comportamentos indesejados e autismo

O que é um comportamento indesejado?

 

Antes de falar sobre como respondemos aos comportamentos indesejados, faz-se necessário definir o que é um comportamento indesejado.

São aqueles que, em geral se enquadram em 3 grandes áreas:

  • Comportamentos agressivos, tanto autoagressivos como heteroagressivos, e comportamentos que colocam em risco a segurança e saúde das pessoas;
  • Comportamentos que põem em risco a integridade de materiais e/ou do ambiente;
  • Comportamentos que infringem limites que são impostos pelo meio, como por exemplo tirar a roupa em locais públicos, ou gritar palavras repetidamente durante a aula na escola impedindo que os colegas ouçam o professor.

É importante pensarmos sobre esta definição, e pensarmos que o comportamento indesejado, é indesejado para quem? Pois não consideramos comportamentos indesejados os movimentos de isolamento e/ou repetitivos da pessoa autismo, desde que os mesmos não se enquadrem nos itens acima.

Por exemplo, o comportamento de girar a roda do carrinho, se é um comportamento que não prejudica a criança, o objeto ou as pessoas ao redor, não consideramos um comportamento indesejado. Temos outras formas de responder ao comportamento solitário da pessoa de girar a roda do carrinho, que cativam a vontade dela de interagir conosco. Para mais informações sobre como iniciar e construir interações com pessoas com autismo, acesse nossos artigos sobre Autismo e responsividade, e Motivação instrínseca na aprendizagem.

Definido o que são comportamentos indesejados, agora podemos ressaltar que todo comportamento existe por um motivo, tem um porquê, e cabe a nós investigar.

 

Investigando os porquês do comportamento indesejável

 

Recomendamos uma “investigação gentil”, sem julgamento sobre os comportamentos observados, pois assim vamos nutrir pensamentos que produzirão respostas mais eficazes na intervenção. Por exemplo, imagine o seguinte comportamento, a pessoa com autismo quebra de forma recorrente brinquedos e em seguida fica fazendo movimentos repetitivos com as pequenas peças. Esse comportamento pode ter diferentes motivos para ocorrer, diferentes funções. Vamos investigar.

 

Função do comportamento: autorregulação

 

Podemos escolher investigar de forma gentil o motivo do comportamento, sem julgamento, analisando o que aconteceu antes: a criança estava brincando sozinha, em nenhum momento falei com ela ou percebi comunicações dela na minha direção. E o que aconteceu depois: a criança ficou mexendo de forma repetitiva nas pequenas peças, como se fizesse uma “chuva”, buscando movimentos que produzissem múltiplos sons e imagens. Ao fazer este comportamento ela pareceu estar minimamente confortável. Após esta análise percebemos que a criança não teve a intenção de comunicar algo para nós e nem de buscar a nossa atenção, ou seja, ela pode estar buscando uma autorregulação com as ferramentas que tem.

Diante desta hipótese o que podemos fazer? Oferecer brinquedos e/ou materiais que tenham a mesma essência de estímulos que ela busca (por exemplo, peças de lego que são pequenas e coloridas), assim estaremos investindo em uma estratégia preventiva ao comportamento indesejado. Neste caso, também será importante realizar um monitoramento da criança, de modo que o adulto não permita que ela destrua os brinquedos, ao mesmo tempo em que oferecerá alternativas com objetos que também sejam motivadores, e que possivelmente levem a interações.

Notem como é fundamental investigar a função do comportamento, e de forma gentil, se tivéssemos julgado este comportamento de quebrar os brinquedos como “desnecessário”, “falta de respeito com meu esforço”, “uma afronta”, “criança mal-criada, que não dá valor ao que tem”, provavelmente não conseguiríamos investigar a causa do comportamento e tão pouco elaborar uma estratégia eficaz.

 

Função do comportamento: comunicação

 

É importante salientar que, não estamos dizendo que todos os comportamentos de quebrar brinquedos têm esta mesma função de autorregulação. E para deixar bem claro, vou narrar o mesmo comportamento sob uma circunstância diferente. Minha criança quebra os brinquedos e faz movimentos repetitivos com as peças. Nesta circunstância, investigando de forma gentil o motivo do comportamento, sem julgamento, analiso o que aconteceu antes: a criança havia pedido para usar o celular do adulto e o mesmo lhe disse “Não!”. Em seguida, a criança começou a quebrar o brinquedo mais próximo. E o que aconteceu depois: a criança ficou mexendo de forma repetitiva nas pequenas peças, com expressão de raiva e/ou desconforto, e quanto mais você falava com ela, mais ela intensificava a ação de quebrar e mexer nas peças.

Após esta análise, percebemos que a criança fez o comportamento indesejado de quebrar o brinquedo com a função de comunicação, pois o comportamento foi realizado após a criança receber uma negativa (um limite). É como se fosse um protesto comunicativo dela na sua direção. Devemos pensar e lembrar que, a criança está fazendo o melhor que pode com o seu atual desenvolvimento para lidar com a frustração de receber uma negativa e com seus desejos e necessidades.

Pensando desta forma, seremos mais empáticos e teremos uma resposta mais eficaz. Explicaremos que não entendemos o porquê desta ação, uma vez que, mesmo que ela quebre algo ela não vai conseguir o usar o celular naquele momento. Com esta explicação calma e clara, a criança perceberá que esta não é uma comunicação eficaz, que não trará benefícios para ela.

Ao mesmo tempo, é super importante demonstrarmos apreciação e realizarmos uma resposta rápida às comunicações desejáveis dela, principalmente quando ela lidar bem com um limite. Apreciar e responder com entusiasmo à flexibilidade dela também é possível! Por exemplo, a criança lhe pede o celular e você diz que não pode lhe emprestar naquele instante, mas que ela pode ver TV. Se ela aceita sua alternativa (mesmo sem esboçar sorrisos), você pode agradecer e rapidamente ligar a TV, dizendo o quanto você fica feliz quando a criança aceita suas ideias.

 

Função do comportamento: busca de reações dos outros

 

E para ratificarmos a importância da análise do precursor do comportamento e de sua função, vamos pensar no mesmo comportamento indesejado, a pessoa com autismo quebra brinquedos. Investigarmos de forma gentil o motivo do comportamento, sem julgamento, analisando o que aconteceu antes: a criança estava buscando iniciar uma interação com os adultos da forma possível para ela, aproximando-se sem gestos e palavras específicas e claras. Os adultos não percebiam esta aproximação física como um ato comunicativo e seguiam suas programações ignorando a criança. E o que aconteceu depois: após a criança quebrar o brinquedo, os adultos se aproximaram dela e lhe deram atenção, tanto explicando que ela não poderia fazer isso, como tentando ensiná-la a brincar com os brinquedos.

Após esta análise, percebemos que a criança fez o comportamento indesejado de quebrar o brinquedo com a função de “buscar reação”, pois ela nota a partir da resposta dos adultos que, nos momentos em que ela quebra algo recebe porções de tempo e atenção, ela quase controla a casa usando um “controle remoto” em que quebra coisas e todos se mobilizam ao seu redor.

Para responder a este comportamento sugerimos que você minimize sua atenção e expressão quando ela quebrar o brinquedo: aproxime-se de forma calma, imponha claramente um limite explicando que ela não pode quebrar os brinquedos, e guarde o brinquedo. Não ofereça uma grande reação emotiva, pois isso poderia ser interessante para a criança e poderia gratificar seu comportamento oferecendo a atenção desejada por ela.

Já que o que a criança quer é atenção, procure dar atenção de qualidade a ela quando ela demonstrar querer sua atenção utilizando alguma comunicação desejável. Por exemplo, quando ela se aproximar de você, tocar gentilmente em você, olhar para você, der um objeto para você, falar sons ou palavras e frases mesmo que você não compreenda totalmente, responda com entusiasmo e expressividade para manter a interação e gratificar a iniciativa social da criança. Assim a criança perceberá que não precisa quebrar brinquedos para ter a atenção do adulto, pode conseguir a atenção quando se aproxima e indica isso de forma desejável.

 

Revisando…

 

Então, recomendamos que, diante de um comportamento indesejado, você:

  • seja um “detetive gentil”, investigue o que aconteceu antes, durante e depois do comportamento, sem julgar o que a pessoa está fazendo.
  • identifique se o comportamento tem função de autorregulação, comunicação ou buscar reações dos outros.
  • construa uma resposta específica baseada na função do comportamento.

Para saber mais sobre como lidar com comportamentos indesejados das pessoas com autismo, assista a seguir à nossa live que foi realizada por Jaqueline França e Vanessa Maioral.

 

 

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Por Lincoln Macedo

Consultor Sênior Trainer da Inspirados pelo Autismo

Autismo e motivação intrínseca na aprendizagem

Você já deve ter escutado a seguinte frase: O cérebro precisa ser emocionado para aprender. Pois bem, não vamos falar de estrutura de cérebro agora, mas é preciso saber que além de promover conexão genuína, está no cérebro uma das principais justificativas que nos fazem oferecer brincadeiras onde a motivação é intrínseca.

Mas o que é motivação?

Motivação é um dos pilares da nossa abordagem e se refere a propor atividades onde haja o envolvimento voluntário da pessoa com autismo. Queremos que a pessoa esteja inspirada e motivada pela interação social e para isso utilizamos algumas técnicas e estratégias que possibilitam que a pessoa com autismo esteja mais ativa na interação e tenha mais motivos para interagir conosco. Por exemplo: demonstrar afinidades de interesse, ser expressivo, utilizar todos os instrumentos do corpo, voz, expressão facial, ser agradável e respeitoso, oferecer comemorações às iniciativas sociais da criança – como olhares, sons, palavras e participações físicas. Usar adereços, óculos, pintura facial e ou chapéus divertidos também são ferramentas que podem estimular a motivação das pessoas com autismo.

Essas técnicas nos ajudam a nos conectar com a pessoa com autismo. Queremos mais do que propor oportunidades de aprendizagem: queremos inspirar pessoas com autismo a desejar mais interações sociais. Logo, fazemos convites divertidos para brincar. E convites não são uma ordem, são convites.

Motivação intrínseca e motivação extrínseca

Antes de falarmos sobre motivação intrínseca, gostaria de falar sobre a motivação extrínseca.

Motivação extrínseca é quando nós, adultos, solicitamos algo à criança diante da condição de que se ela fizer, ela ganhará algo externo. Geralmente o que a criança irá ganhar não tem conexão com a atividade corrente. Por exemplo: Se ela comer os legumes, ganhará sorvete de sobremesa; ou se fizer o dever de casa, poderá jogar vídeo game. Em nenhum desses exemplos nosso objetivo é ajudar a criança a compreender os benefícios e gostar de comer legumes, ou entender e compreender a necessidade e importância do dever de casa.

Vou compartilhar com vocês uma situação pessoal que me ajudou muito a perceber como a motivação intrínseca é a chave para o aprendizado e também nos oportuniza liberdade para desenvolver nosso potencial.

Eu fiz prova de direção duas vezes. Na primeira vez cheguei toda animada, e quando encontrei o fiscal, logo cumprimentei e não tive nenhuma resposta, ele apenas disse “pode começar”. Nenhum sorriso, cumprimento e nenhuma possibilidade de conexão. Resultado: eu sabia dirigir, mas o medo tomou conta e eu afoguei o carro 2 vezes. No segundo exame, quando encontrei um outro fiscal, ele logo perguntou meu nome, e sabendo que eu havia falhado uma vez, logo expressou que eu conseguiria dessa vez. Descobri que ele é avó de um garotinho com autismo, e logo essa afinidade de interesse entre nós tornou a nossa interação muito agradável para ambos. Realizei a prova com  o mesmo empenho da primeira vez, mas dessa vez existia algo diferente, o processo foi muito prazeroso e agradável, o que permitiu que eu entrasse em contato com memórias afetivas positivas, e minha performance me levou a um bom resultado.

 Quando associamos os desafios sociais da pessoa aos seus interesses e ações motivadoras, estamos promovendo e construindo memória afetiva em relação àquele aprendizado. O que nos leva a mais tentativas, respostas espontâneas e generalização de habilidades para outros contextos.

Retomando o exemplo da criança que não queria comer legumes, podemos tornar o ato de comer legumes mais motivador, oferecendo um modelo de alguém que come o legume e fica muito forte, feliz e saudável, e até mesmo associar com ações motivadoras. Por exemplo: quando eu como a cenoura eu fico forte e posso fazer cosquinha na minha criança, ou fico forte para ajuda-la a pular na bola de pilates.

Eu também posso também tornar o momento de fazer o dever de casa muito prazeroso para minha criança ao incorporar o seu personagem preferido e ajudá-la no dever. Fazer variações na voz, na expressão facial, usar chapéus e óculos fazem parte da composição da atividade. Comer legumes e fazer o dever de casa podem ser atividades nas quais a motivação é intrínseca quando ajudamos a criança a ter prazer e gostar da atividade por si, não necessitando de reforçadores externos.

É importante destacar a importância de se usar motivação intrínseca, principalmente nos estágios iniciais de desenvolvimento da criança com autismo, visto que ela pode apresentar como característica o interesse maior por objetos do que por pessoas ou por interações sociais, e utilizar estratégias de motivação extrínseca pode a longo prazo reforçar essa lógica.

Na live a seguir, Vanessa Maioral e Lincoln Macedo conversam sobre elementos que podem ajudar a pessoa com autismo a estar mais motivada durante as atividades realizadas com familiares, profissionais e amigos.

 

Esperamos que essas dicas possam ser úteis e inspiradoras para vocês que estão próximos de pessoas com autismo. Se quiserem saber mais sobre motivação intrínseca e autismo, acompanhe nossas redes sociais pelo Facebook e pelo Instagram.

Por Jaqueline França

Consultora Sênior Trainer da Inspirados pelo Autismo

Autismo e responsividade

O que é responsividade?

Ser responsivo significa ser uma pessoa que responde aos sinais sociais e as iniciativas sociais de forma positiva. De forma mais detalhada, podemos dizer que responsividade é a capacidade de responder rapidamente de modo adequado à situação em questão, validando a comunicação do outro de forma respeitosa. Quando eu sou responsivo eu ofereço qualidade na resposta, ou seja, eu respondo às necessidades físicas, psicológicas e emocionais do outro de forma carinhosa. Eu presto atenção aos sinais, sendo um ouvinte atento ou um telespectador animado.

Um exemplo prático de responsividade seria quando a criança emite um som não claro como “auá” para pedir água e nós respondemos com uma apreciação (por exemplo “Obrigada por falar ‘Auá’ para pedir água”) e rapidamente oferecemos o copo com água. A forma como respondemos essa criança mostra para ela que somos responsivos e estamos prontos a atender suas iniciativas claras ou não claras.

Quais os benefícios da responsividade quando nos relacionamos com pessoas com autismo?

Uma das perguntas mais comuns que nos fazem é:  Quais as vantagens de ser uma pessoa responsiva? E o que costumamos responder é que sendo responsivos, somos o modelo no processo de desenvolvimento, ou seja, a pessoa no espectro do autismo aprende e reproduz o nosso comportamento, porque ela percebe que estamos ali para aumentar o vínculo afetivo, por consequência criamos mais empatia.

A responsividade pode estar presente mesmo em momentos de comportamentos indesejados. Muitas vezes, a pessoa com autismo está em crise – sendo apontada por muitos como um comportamento de birra – e nós não entendemos qual é o MOTIVO. De forma calma e clara, falamos que estamos ali para ajudar e que gostaríamos muito de entender o porque ela está chorando. Podemos também oferecer conforto emocional e até mesmo espaço físico, se necessário e dessa forma, reforçamos a sensação de segurança da pessoa com autismo e podemos ajudá-la a gerenciar melhor suas emoções.

Criar interesses em comum também é um benefício da responsividade, pois os interesses trazem mais repertório de engajamento numa sessão lúdica, por exemplo. E é esse engajamento que irá abrir as portas para o aprendizado de novas habilidades e contribui para o desenvolvimento da pessoa com autismo.

Para concluir, uma ótima reflexão que nos ajuda a visualizar como a responsividade pode ser uma ferramenta poderosa no desenvolvimento de pessoas com autismo, é quando nos lembramos que mesmo pessoas neurotípicas se sentem muito mais compelidas a se envolver em atividades quando sentem que suas necessidades e demandas são acolhidas com compreensão e afeto.  Nunca devemos esquecer que a vida floresce mais bela quando sentimos que as pessoas nos entendem, nos validam e nos amam.

Lincoln Macedo e Jaqueline França dão dicas nesta live da Inspirados pelo Autismo sobre como ser responsivo com sua criança com autismo.

Esperamos que essas dicas possam ser úteis e inspiradoras para vocês que estão próximos de pessoas com autismo. Se quiser saber mais sobre responsividade e autismo, acompanhe nossas redes sociais pelo Facebook e pelo Instagram.

Por Vanessa Maioral

Consultora Sênior Trainer da Inspirados pelo Autismo

Atividade para desenvolver a comunicação – desenhando uma história em quadrinhos

Desenhando uma história em quadrinhos

Interesses:

Desenhar, ouvir e contar histórias, personagens de histórias em quadrinhos (por exemplo, a Turma da Mônica).

Metas principais:

Comunicação verbal (relatar experiências).
Desenvolver período de atenção compartilhada de 15 min ou mais.

Ação motivadora (o papel do adulto):

O adulto desenha em uma cartolina uma história em quadrinhos divertida com os personagens prediletos da criança.

Solicitação (o papel da criança):

A criança contar algo que ela fez na escola para que o adulto desenhe o que aconteceu com ela.

Estrutura da atividade:

O adulto mostra para a criança uma cartolina com vários quadrados sequenciais em branco e também vários lápis de cor ou conjuntos de giz de cera e explica animadamente que eles vão fazer uma história em quadrinhos com os personagens da Turma da Mônica. O adulto pega então um dos lápis de cor ou giz de cera e começa a desenhar com empolgação e entusiasmo um dos personagens da Turma Mônica, comentando com a criança: Nossa, você sabe o que o Chico Bento fez hoje na escola? Hoje quando ele chegou a escola, ele descobriu que ia acontecer uma festa! O adulto estabelece uma atividade cíclica em que ele conta a história do Chico Bento e desenha por alguns momentos na cartolina, afasta-se fazendo suspense e, de forma previsível volta a continuar a história oral sobre o Chico Bento e o desenho, repetindo diversos ciclos sem pedir nada à criança, apenas fazendo a ação motivadora de contar a história e de desenhar de graça, pausando por alguns segundos enquanto faz suspense, fazendo a ação novamente, pausando, e assim por diante. Usando o personagem da Turma da Mônica, o adulto mostra para a criança como fazer para contar fatos que aconteceram naquele dia na escola. O adulto segue contando mais sobre o que aconteceu com o Chico Bento na escola, descrevendo diferentes situações engraçadas, enquanto também desenha as situações para a criança. Quando a criança encontra-se altamente motivada pela ação do adulto, demonstrando este interesse através de olhares, sorrisos, gestos, sons ou palavras, o adulto passa a solicitar que a criança lhe conte alguma coisa que aconteceu com ela na escola (o adulto pode perguntar especificamente sobre coisas que aconteceram com a criança na escola, mas se a criança falar sobre outra coisa que aconteceu em outro lugar, o adulto comemora essa iniciativa e estimula a criança a contar mais sobre o que aconteceu com ela naquele dia e lugar). A solicitação é um convite animado, e não uma ordem. O adulto estimula a criança a contar sobre o que aconteceu com ela na escola e responde a qualquer tentativa da criança em contar os fatos com uma celebração e a volta da ação desejada por ela (desenhar a história em quadrinhos). Desta forma, o adulto mostra para a criança a função de sua comunicação verbal e a importância de contarmos uns para os outros aquilo que nos acontece no dia a dia. Nos próximos ciclos da brincadeira, enquanto a criança continua altamente motivada, o adulto a estimula a contar o que aconteceu com ela em outros lugares e situações. Por exemplo, o adulto pode perguntar o que a criança fez no fim de semana, na casa da vovó ou durante a aula de natação, etc.

Variações:

Podemos ajustar o grau do desafio desta atividade quando a criança já consegue relatar o que aconteceu na escola (ou em outros lugares) com facilidade e constância e propor um ciclo de conversa em que o episódio seja contado com mais detalhes. Conforme o estágio de desenvolvimento da criança, o adulto poderá ajudar a criança a descrever emoções, a fazer comentários, e a expressar gratidão e apreço por outras pessoas envolvidas nas situações descritas.

Para ajudar a criança a manter-se motivada durante a interação e prolongar o tempo de duração da atividade, podemos inserir em alguns ciclos pequenas variações na ação motivadora, por exemplo, fazer encenações, usar objetos ou fantoches para tornar a história que está sendo contada e desenhada mais interessante. O adulto poderá desenhar enquanto canta alguma música que a criança goste ou usando um tom de voz divertido. O adulto poderá também estar fantasiado de algum personagem da Turma da Mônica durante a atividade.

Caso a criança não se interesse pelos personagens da Turma da Mônica, podemos manter a atividade original e modificar os personagens de acordo com os interesses dela, por exemplo, transformando-nos em um outro super herói, animal ou personagem que a criança aprecie. Se ela gosta dos personagens da animação “Carros”, da Disney, podemos ser o McQueen ou o Mate que aceleram pelo quarto enquanto contam sobre o que aconteceu com eles, para que depois estacionem próximos à cartolina e comecem o desenho.

Se a criança se interessa por desenhos e pela Turma da Mônica, mas desejamos trabalhar uma meta diferente da comunicação verbal como, por exemplo, ajudar a criança a participar fisicamente em uma atividade interativa, podemos manter a brincadeira, mas modificar o papel da criança na atividade. Ao invés de solicitarmos que ela conte o que aconteceu hoje na escola, explicamos e mostramos a ela que ela pode tocar em diferentes figuras para nos mostrar que personagens ela gostaria que desenhássemos. Ainda na área de participação física, podemos pedir que ela pegue objetos ou vista peças de vestuário que poderão ser desenhados dentro da história em quadrinhos da Turma da Mônica.

Se a criança não se interessa por desenhar histórias em quadrinhos naquele momento, podemos manter a mesma estrutura da brincadeira e oferecer uma ação motivadora diferente, como por exemplo, dar voltas pelo quarto dentro de uma caixa ou dentro de um cobertor/lycra para “viajar” para diferentes lugares, onde a criança e o adulto poderão contar e representar histórias com os personagens da Turma da Mônica, enfatizando alguma coisa que aconteceu com os personagens em cada determinado lugar.

Quer aprender a criar Atividades Interativas e a utilizar a Tabela de Habilidades da Inspirados pelo Autismo para acompanhar o desenvolvimento de crianças, adolescentes e adultos com autismo? Participe de nossos cursos!

Quais são as brincadeiras prediletas da criança com autismo com a qual você convive? A criança gosta de desenhar? Experimente a atividade de desenhar uma história em quadrinhos com a criança e conte para gente!

dicas para ajudar criança autismo

Dicas para criar atividades lúdicas que promovam o desenvolvimento de crianças com autismo

dicas para ajudar criança autismoVocê já pensou que os interesses e motivações da criança com autismo podem ajudar você a criar momentos de interação prazerosa com ela?

E que, por meio dessas interações prazerosas, você poderá trabalhar com atividades lúdicas que possuam metas de desenvolvimento?

Por exemplo, se uma criança gosta de fazer bolhas de sabão e o programa de desenvolvimento dela tem como meta atual o desenvolvimento da linguagem, você poderá criar atividades lúdicas em que brincadeiras com bolhas de sabão feitas por um adulto responsivo e divertido podem ser usadas (caso a criança se interesse) como ação motivadora para motivar a criança a falar mais palavras e frases, que são modeladas pelo adulto nas sessões.

O primeiro passo para criar atividades lúdicas seria pensar: quais são os interesses e motivações da criança com autismo? Faça uma lista com todos os interesses e motivações da criança que você possa lembrar. Eles podem incluir, por exemplo, ações físicas (correr, pular, rodar), desenhos, pinturas, personagens, animais, jogos, filmes, brincadeiras de roda, de imitação, massagens, desafios, histórias, etc.

Um segundo passo seria estabelecer uma meta: o que eu quero ajudar a criança a desenvolver agora? As metas que trabalhamos podem estar relacionadas ao desenvolvimento da linguagem, do contato visual, às atividades de vida diária, às atividades acadêmicas, entre outros. Tente ser específico ao estabelecer uma meta: por exemplo, a meta pode ser aumentar o repertório da criança para que ela fale até 50 palavras; ou aumentar o tempo de atenção compartilhada para 15 minutos ou mais; ou ajudar a criança a usar o vaso sanitário em casa ou na escola, para fazer xixi.

Para colocar o trabalho em prática, você poderá unir os interesses e motivações da criança às metas atuais do programa e criar atividades lúdicas para o desenvolvimento das habilidades da criança. Estas atividades lúdicas podem ser realizadas num ambiente otimizado para o aprendizado (com menos estímulos sensoriais), sendo conduzidas por um adulto facilitador em sessões 1 x 1 (um adulto e uma criança).

Quer aprender mais sobre como criar atividades lúdicas para criança, adolescentes e adultos com autismo? Inscreva-se em nossos cursos de 3 dias de duração. Os cursos para familiares e profissionais têm a carga horária de 31,5 horas repletas de informações e dicas práticas para o desenvolvimento de crianças e adolescentes com autismo.

Atividade para desenvolver a leitura, a escrita e a motricidade fina – voando com o Patati Patatá

Interesses:

Os personagens do programa Patati Patatá e balançar na rede.

Metas principais:

Desenvolver a motricidade fina e também a leitura e a escrita, através da associação da palavra escrita com a ação.

Ação motivadora (o papel do adulto):

A ação motivadora é balançar a criança na rede de forma divertida, cantando a música do programa do Patati Patatá.

Solicitação (o papel da criança):

A criança ligar o pontilhado na horizontal, indo do ponto inicial até a figura do avião (embaixo da figura, colocar a palavra VOAR), para que dessa forma a criança “ligue” o avião novamente para “voar” (o voo será o balanço na rede).

Estrutura da atividade:

Explique para a sua criança que vocês voarão no avião com os personagens do Patati Patatá. Antes mesmo de convidar a criança para entrar na rede, coloque um boneco dentro para que ela visualize de forma clara a ação motivadora de “voar”. Você poderá cantar a música do Patati Patatá de forma entusiasmada, tornando a brincadeira ainda mais atraente para a criança, por exemplo: “Quem quer VOAR nesse avião levanta a mão? Eu! Quem quer VOAR? Eu! Levanta a mão! Com Patati, com Patatá vou viajar, a alegria de VOAR está no ar…”. Exagere no momento em que falar a palavra “voar”.

Depois de alguns minutos oferecendo os voos na rede de forma animada, sem realizar nenhuma solicitação da criança, realize uma pausa e, fazendo suspense, diga: “O avião parou de VOAR, mas para que ele volte a VOAR, eu posso pegar essa canetinha e ligar esses pontos”.  O adulto então mostra que ligando os pontos num quadro branco ou num cartaz, que deve ser afixado no quarto, o avião volta a voar. No quadro ou cartaz, prepare um ponto para ser o início, pode ser um círculo vermelho, por exemplo, ou ainda uma foto de sua criança. Do outro lado, na direção do pontilhado na horizontal, a linha chegará na figura de um avião e, acima dele, terá escrito a palavra VOAR. A palavra escrita deve estar em destaque, pois ela é a representação da ação motivadora em questão, o avião voltará a “voar” rapidamente com o Patati Patatá!

Quando sua criança já estiver altamente conectada, demonstrando querer mais da ação motivadora de “voar”, diga que acabou a gasolina do avião, demonstrando estar fraco e sem forças para fazer o avião voar. Neste momento, convide sua criança para “ligar” o avião novamente fazendo o “liga-liga” com a caneta no quadro ou no cartaz. Dessa forma, você estará estimulando a motricidade fina dela, ajudando no processo de leitura e escrita e fazendo a associação da palavra com a ação motivadora oferecida na brincadeira, que é “voar”.

Variações:

Nessa atividade para desenvolver a leitura, a escrita e a motricidade fina, podemos ajustar o grau do desafio quando a criança já consegue ligar os pontos no quadro ou no cartaz com facilidade e constância e solicitar que ela passe a escrever algumas das letras da palavra VOAR. O adulto adaptaria a atividade substituindo os pontilhados no quadro ou no cartaz por espaços onde a criança poderia copiar ou escrever as letras da palavra VOAR. Por exemplo, o adulto pode pedir que a criança escreva a primeira letra da palavra (ex. – __O A R). Ou o adulto poderá pedir que a criança escreva as vogais (ex. V _ _ R). À medida que a criança for desenvolvendo a capacidade de escrever as letras, o adulto pode então pedir que ela escreva ou copie a palavra inteira. Se sua criança estiver em um estágio em que se beneficiaria de desenhar uma linha livre (sem pontilhado), linhas onduladas ou em zigue-zague até a figura do avião antes de começar a escrever as letrinhas, adapte o grau do desafio da atividade de acordo.

Para ajudar a criança a manter-se motivada durante a interação e prolongar o tempo de duração da atividade, podemos inserir em alguns dos ciclos pequenas variações na ação motivadora, por exemplo, oferecer balanços na rede com diferentes intensidades e durações, ou acompanhadas de efeitos engraçados (pode acontecer uma pequena turbulência, ou o avião pode passar sobre algum local de interesse da criança e ela poderá observar esse local da janela da aeronave). Caso a criança tenha interesse na ideia de “voar”, o adulto pode oferecer voos de avião usando outros materiais, como tapetes, cobertores e lycras, movendo a criança de forma divertida e cheia de suspense pelo quarto. Se nossa criança não se interessa por “voar” naquele momento, podemos manter a mesma estrutura da brincadeira e oferecer uma ação motivadora diferente, como por exemplo, um passeio de carro (usando uma caixa) ou um passeio a cavalo (levando a criança para passear de cavalinho em suas costas).

Caso a criança não se interesse pelos personagens Patati Patatá, podemos manter a atividade original e modificar os personagens de acordo com os interesses dela, por exemplo, utilizando personagens de outros desenhos ou filmes (o adulto poderá usar máscaras, fantasias e fantoches desses outros personagens).

Se a criança se interessa por balançar na rede e pelo Patati Patatá, mas desejamos trabalhar uma meta diferente como, por exemplo, ajudar a criança a participar fisicamente em uma atividade interativa, podemos manter a brincadeira, mas modificar o papel da criança na atividade. Ao invés de solicitarmos que ela ligue os pontos para pedir por nossa ação, explicamos e mostramos a ela que ela pode tocar em determinadas áreas do quarto ou organizar um grupo de objetos em seus compartimentos para que voltemos a fazer balançá-la na rede. Ainda na área de participação física, podemos balançar a criança na rede e, de repente, simular que o avião ficou sem gasolina, e então pedirmos que a criança “abasteça” o avião com uma mangueira (ou qualquer outro objeto similar) para que continuemos a balançá-la na rede.

(Atividade elaborada pela consultora da Inspirados pelo Autismo Fernanda Nascimento)

Conte para nós como você tem ajudado a sua criança a ler e escrever! Gostou dessa atividade para desenvolver a leitura, a escrita e a motricidade fina? Então compartilhe-a com os seus amigos. Leia outros exemplos de atividades interativas em nosso site, e veja como desenvolver habilidades como comunicação, contato visual, atenção compartilhada, entre outras.

Aprenda a criar atividades interativas e a conduzir sessões divertidas com sua criança participando de nossos cursos. Veja alguns de nossos novos cursos para o primeiro semestre de 2016. Em janeiro de 2016, realizaremos na cidade de Rio Claro, SP, um curso sobre a Inclusão Escolar de Crianças com Autismo.

Como ensinar uma criança com autismo a somar

Como ensinar matemática para crianças com autismo

Interesses:Como ensinar uma criança com autismo a somar

Dar voltas pelo quarto de brincar em cima de um tecido, simulando um voo de avião.

Metas principais:

Aprendizado de matemática (operações de adição).
Participação em brincadeira simbólica.

Ação motivadora (o papel do adulto):

O adulto leva a criança para dar voltas pelo quarto de brincar sobre um tecido simulando um divertido e emocionante voo de avião pelo quarto de brincar. O avião pousará próximo a um supermercado, onde a criança e o adulto poderão fazer compras, como ilustrado no vídeo abaixo.

Solicitação (o papel da criança):

A criança poderá escolher os produtos do supermercado e depois será motivada a somar a quantidade de produtos escolhidos.

Estrutura da atividade:

Como iniciar a atividade com entusiasmo?

O adulto usa empolgação para convidar a criança para dar voltas ou giros pelo quarto sobre um tecido, como se estivesse num voo de avião. O avião voará pelo quarto diversas vezes e o adulto pode explicar à criança que quando o avião estacionar, eles terão chegado a um supermercado (mais motivador ainda se for a representação de um supermercado que a criança conhece e gosta de frequentar em sua cidade).

O adulto então estabelece uma atividade cíclica em que ele leva a criança para dar voltas pelo quarto no tecido.  Após 1 a 5 voltas, o adulto afasta-se fazendo suspense e, de forma previsível volta a levar a criança para dar voltas novamente, repetindo diversos ciclos sem pedir nada à criança, apenas fazendo a ação motivadora de graça, pausando por alguns segundos, fazendo a ação novamente, pausando, e assim por diante.

Como fazer uma solicitação divertida?

O adulto poderá se divertir com a criança enquanto a leva pelos voos no quarto e, quando notar que a criança está altamente conectada, demonstrando este interesse através de olhares, sorrisos, gestos, sons ou palavras, o adulto pode anunciar animadamente que eles chegaram ao supermercado.

O adulto poderá mostrar para a criança um cartaz com alguns produtos de supermercado afixados. Ao elaborar o cartaz e os produtos, você poderá escolher bebidas e comidas que a sua criança goste. O adulto então explica que eles vão poder escolher algumas bebidas e algumas comidas, destacando estes itens do cartaz e colocando-os em cima de outro cartaz menor. Neste cartaz menor, poderão existir campos em branco (por ex.: ___ + ___ = ___).

O adulto ajudará a criança a contar a quantidade de itens de bebidas e a quantidade de itens de comida. Cada quantidade será anotada pelo adulto nos campos do cartaz menor. Depois, o adulto e a criança farão a operação de adição, contando todos os itens selecionados e chegando à soma total dos itens escolhidos.  A soma total também será anotada no cartaz menor.

A solicitação para que a criança destaque os itens de supermercado do cartaz e depois realize a contagem e a soma dos mesmos é feita através de um convite animado, e não uma ordem. As tentativas da criança de escolher os produtos, de contá-los e somá-los são então comemoradas carinhosamente pelo adulto.

Após realizarem a primeira compra no supermercado, o adulto convida animadamente a criança para uma nova volta pelo quarto, e um novo ciclo da brincadeira se inicia.

É possível realizar a atividade com dois adultos facilitadores e uma criança?

Esta atividade poderá ser realizada entre um adulto facilitador e uma criança e, dependendo do estágio de desenvolvimento da criança, a atividade poderá sim ser também conduzida por dois adultos facilitadores.

As consultoras da Inspirados pelo Autismo Fernanda Nascimento e Jaqueline França conduziram uma sessão a três usando esta atividade. As duas consultoras juntas levaram a criança para dar a volta de avião pelo quarto, e comemoram com entusiasmo todas as participações da criança na brincadeira.

Uma das vantagens de realizar sessões a três é que, enquanto um adulto pode conduzir a atividade, o outro pode ser um modelo social para a criança de como agir na brincadeira, facilitando a compreensão e o engajamento na atividade. O adulto que conduz a atividade pode então dar explicações ao outro facilitador e e celebrar a participação dele na brincadeira, motivando a criança a também realizar as tentativas.

Acesse o vídeo abaixo para assistir a um trecho da sessão realizada pelas nossas consultoras com essa atividade interativa:

Variações:

Quando a criança já consegue somar as duas categorias de produtos com facilidade, podemos ajustar o grau do desafio desta atividade criando mais categorias a serem somadas. Por exemplo, em vez de somar duas categorias (alimentos e bebidas), o adulto pode convidar a criança a somar três ou quatro tipos de produtos diferentes, aumentando o “carrinho” de compras. O cartaz menor poderá então ter o formatos ___ + ___ + ___  = ___ ou ___ + ___ + ___ + ___= ___.

Para ajudar a criança a manter-se motivada durante a interação e prolongar o tempo de duração da atividade, podemos inserir em alguns ciclos pequenas variações na ação motivadora como, por exemplo, o adulto mostrar que o avião está voando em diferentes altitudes, enfrentando uma tempestade, passando por cima de cidades ou voando em câmera lenta. Caso vocês estejam realizando uma sessão a três, a criança pode ser inicialmente levada por um adulto só, e então o outro adulto facilitador pode ser anunciado, entrar no quarto com uma fantasia diferente e seguir no voo com a criança em direção ao supermercado. O adulto pode ainda cantar músicas ou representar personagens que a criança goste enquanto a leva para dar voltas de avião pelo quarto.

Se a criança se interessar por dar giros pelo quarto, mas nós desejarmos trabalhar a meta de número-adição associada a uma meta diferente, como, por exemplo, a comunicação verbal expressiva, podemos pedir que a criança fale o número de itens de cada categoria de produtos, nomeie cada produto ou que ajude o adulto a contar o número de voltas dadas pelo quarto no avião.

Já se a meta for aumentar ainda mais a participação da criança na brincadeira simbólica, podemos oferecer o “passeio pela cidade” (no quarto) de diferentes modalidades – de avião (em cima do tecido), à cavalo (com a criança de “cavalinho” nas costas do adulto), de carro (o adulto pode levar a criança dentro de uma caixa), etc. O adulto também pode criar situações específicas, por exemplo: Imagine que vamos assistir a um filme em casa, então que comidas e bebidas vamos comprar no supermercado? Ou vamos imaginar que nossa família vai para o clube, o que a gente vai levar do supermercado para o lanche? Podemos também convidar a criança a expandir o jogo simbólico e continuar a trabalhar a matemática pagando com dinheiro de brincadeirinha o valor final da compra e receber do caixa o troco.

Se a nossa criança não se interessar por dar voltas no quarto, podemos manter a mesma estrutura e meta da brincadeira e oferecer ações motivadoras diferentes como, por exemplo, cócegas, massagens, pular na cama elástica, pular na bola de Pilates, etc. Nossa experiência tem nos mostrado que algumas crianças apreciarão por si só a experiência de simular uma compra no supermercado e, nesse caso, olhar o cartaz e escolher os produtos já serão ações motivadoras empolgantes e interessantes para elas.

Compartilhe essa atividade sobre como ensinar matemática para crianças com autismo através das redes sociais. Veja também outras atividades interativas em nosso site!

As consultoras Fernanda e Jaqueline e toda a Equipe da Inspirados pelo Autismo agradecem à família pela cessão do vídeo e pela possibilidade de compartilhá-lo em nosso site.

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Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 17 a 20 de setembro

Investimento por participante:
1º lote: R$1428 até o dia 10/07/20 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 10/08/20 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 08/09/20 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 08 de setembro de 2020 (terça-feira).

Descontos em mais de um curso: Quem se inscrever em 2 cursos, também tem o desconto de 5% somado ao desconto por prazo de inscrição. Quem se inscrever em 3 ou mais cursos tem o desconto de 10% somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral dos cursos. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras.

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 24 a 27 de março

1º lote: R$1428 até o dia 17/12/21 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 15/02/22 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 15/03/22 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 15 de março de 2022 (terça-feira).

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.