setembro 2014 | Inspirados pelo Autismo

Mês: setembro 2014

Como ajudar uma criança com autismo a tomar banho

A hora do banho pode ser um momento divertido e gostaríamos de ajudar você e a sua criança, adolescente ou adulto com autismo nesta tarefa. Leia abaixo algumas ideias e recomendações que podem ser úteis para ajudar uma criança com autismo a tomar banho:

Facilite a transição da criança com autismo para o banheiro

Podemos nos preparar para a transição de atividades e de ambientes oferecendo explicações para a pessoa com autismo sobre a chegada do momento do banho. Por exemplo, podemos mostrar um quadro de rotina visual  daquele dia ou cartões que sinalizem a hora do banho; podemos aplicar o método “3,2,1” de contagem regressiva dos minutos para avisar à pessoa com autismo paulatinamente que a hora do banho está se aproximando ou ainda fazer sinaleiras de cartolina ou E.V.A. com círculos ou barras que vão diminuindo para demonstrar visualmente a passagem do tempo e a aproximação da hora do banho; ou podemos usar músicas, percussões, efeitos sonoros ou gestos para marcar o final da atividade anterior e anunciar que a próxima atividade será o banho.

Nós podemos encorajar o momento do banho com energia e entusiasmo, ao mesmo tempo em que buscamos tornar outras atividades que competiriam com o banho indisponíveis. Após a contagem regressiva, quando chegar o momento da criança com autismo tomar banho podemos desligar a TV ou o computador, fecharmos as portas para os quartos e nos despedirmos das outras pessoas que não participarão do banho conosco.

Torne o banheiro um lugar interessante

Para ajudar a criança com autismo a tomar banho de um jeito que seja prazeroso para ela, o banheiro deve se tornar um lugar em que ela se sinta à vontade. Se a sua criança não se sente confortável no banheiro, tente investigar quais motivos levam a criança a isso. Observe quais estímulos sensoriais podem estar incomodando a criança e tente minimizá-los. Há muitos objetos/luzes/cores/texturas no ambiente? Há algum cheiro ou ruído desagradável? Como a criança lida com a textura da toalha e do tapete? E o odor e a textura dos produtos de limpeza?

Você poderá também usar uma técnica de dessensibilização e levar a criança até mais próximo do banheiro em alguns outros momentos do dia, explicando a importância do banheiro para nos mantermos limpos e saudáveis. Você mesmo poderá ser um modelo social ao longo do dia e explicar que está indo ao banheiro para, por exemplo, escovar os dentes ou tomar banho, e mostrar como isso é bom para a sua saúde e bem estar.

Ou você pode criar histórias sociais com personagens que tomam banho em meio ao conto. Você pode confeccionar páginas avulsas, um livro de histórias ou usar livros que já existem. A história também pode ser dramatizada por você junto a outras pessoas para ajudar a criança a tomar banho. Lembre-se de retirar do banheiro quaisquer utensílios que possam distrair ou trazer riscos à criança. Se a sua criança já apreciar o ambiente do banheiro, veja quais estímulos sensoriais ela mais gosta e valorize esses estímulos durante o banho. A criança pode gostar de tocar a água, o sabonete, a bucha de banho, ver as luzes do banheiro ou brincar com as imagens do espelho. Aproveite isso!

Quando a hora do banho estiver próxima, você pode começar a encher a banheira e adicionar os brinquedos ou objetos favoritos da criança no box do chuveiro ou na banheira. Faça gestos e sons que demonstrem que você está se divertindo no banheiro. Tente tornar o banheiro o lugar mais interessante e divertido da casa nesse momento! Se a criança vier para o banho sozinha, ou até se aproximar ou chuveiro ou da banheira, faça uma festa e a comemore por isso. Se ela estiver brincando com o brinquedo favorito dela antes do banho e demonstrar aceitar a sua participação na atividade, você pode tentar trazer paulatinamente o brinquedo para o banheiro, continuando a brincadeira nesse ambiente e dando início ao banho propriamente dito aos poucos, até como parte da atividade lúdica.

Aproveite interesses e motivações do momento para ajudar uma criança com autismo a tomar banho

Há poucos dias atrás, publicamos um artigo sobre como usar os personagens prediletos da criança em atividades interativas. Essa ideia pode ser útil para você também na hora do banho. Caso a sua criança não esteja brincando com algo que você possa aproveitar e levar até o banho, verifique se há algum personagem, brincadeira, música ou atividade que a sua criança esteja apreciando bastante nos últimos dias. Busque identificar os interesses e motivações recentes de sua criança e tente usá-los para iniciar uma atividade antes do banho. Por exemplo, se a sua criança está gostando de um personagem, comece a encenar o personagem ou a cantar uma música relacionada a ele antes mesmo de começar a levar a criança até o banheiro. Você pode usar objetos, os movimentos de seu corpo ou a sua voz para levar devagarinho para dentro do banheiro esse personagem do momento. Você pode mostrar como o personagem está empolgado com o banho e como ele ficará feliz depois dele.

Crie ou expanda atividades

Uma vez que vocês já estejam no banheiro, busque continuar expandindo a brincadeira e, aos poucos, vá incluindo na atividade as etapas do banho. No caso de nosso exemplo com o personagem, ele pode ajudar a criança a tirar a roupa e a entrar no box ou na banheira, ele pode nadar, mergulhar e interagir com a água, ele pode se esconder ou percorrer o ambiente do banheiro em uma aventura junto com a criança, ajudá-la a usar o xampu e o sabonete e a se secar. Lembre-se de aceitar as colaborações e mudanças que a criança propuser ao longo da brincadeira e a respeitar o seu estado de disponibilidade durante o banho – talvez a criança, em algum momento, queira manipular algum brinquedo ou experienciar aquele momento sozinha.

Utilize apoios visuais, musicais e cinestésicos

Traga para o banheiro uma folha de papel plastificada com as imagens das etapas de higienização do banho para dar previsibilidade de todas as partes do corpo que serão lavadas. Essa previsibilidade da rotina de higienização ajudará a criança a se sentir mais segura e estimulará maior autonomia também. Você também poderá cantar uma melodia conhecida, mas com a letra modificada para narrar as etapas do banho. Um apoio cinestésico para auxiliar a criança a se lembrar das etapas do banho pode ser uma espécie de coreografia que vocês realizam com os passos da higienização enquanto cantam a canção do banho.

Aproximação gradativa ao objetivo

Se a criança tem aversão ou medo de lavar o cabelo pois não gosta da água nos olhos e no nariz, você pode experimentar lavar o cabelo dela utilizando um copo de plástico com água. Leve o copo até a nuca da criança, avise que você molhará a nuca dela e despeje cuidadosamente a água apenas na nuca. Repita o procedimento e, aos poucos, sempre dando previsibilidade do que vai acontecer, despeje a água de pontos cada vez mais altos da cabeça, por trás. A criança tentará inclinar a cabeça para frente para que a água não caia no rosto, mas isso levará mais água ao rosto, então explique desde o ponto da água na nuca, que se ela inclinar a cabeça para trás, a água não escorrerá para o rosto. Avise o que vai acontecer cada vez que você levar o copo com água próximo à cabeça dela, peça para ela inclinar a cabeça um pouquinho para trás, conte até 3 e gentilmente despeje a água por trás da cabeça protegendo o rosto da criança com sua outra mão (ou com a mão dela) para que não escorra nada de água na face. Uma outra estratégia é a criança utilizar óculos de natação enquanto você lava o cabelo dela ou ela mesma lava o cabelo para que a água não escorra em seus olhos. Uma viseira na cabeça da criança também poderia ajudar, pois menos água escorreria nos olhos e no nariz. Notamos que, geralmente, conforme a criança aprende a nadar e a mergulhar, o medo da água no rosto tende a diminuir.

Quanto ao secador, recomendamos uma exposição gradativa à atividade. Procure um secador o mais silencioso possível e utilize primeiro o modo de ventilação fria a uma boa distância da cabeça de sua criança. Quando ela estiver acostumada com isso, calma e confiante na atividade, tente colocar a ventilação na temperatura morna ainda a uma boa distância da cabeça. Aos poucos, aproxime o secador da cabeça dela. No início, pode demorar mais para você completar o banho e a secagem do cabelo, mas com a criança calma e sentindo-se segura, sem ser forçada, ele poderá aos poucos se tornar mais participativa e independente nestas atividades.

Seja calmo e persistente

Em nossa abordagem responsiva, nós buscamos introduzir uma rotina e tornar as atividades cotidianas prazerosas, evitando manipular a criança fisicamente de modo a forçá-la a seguir esta rotina, pois em nossa experiência este tipo de atitude não estimula o tipo de interação social e flexibilidade que nós desejamos promover em nossas relações com elas (para rever os conceitos fundamentais de nossa abordagem responsiva clique aqui). Ao invés disso, nós somos calmos, entusiasmados, persistentes e flexíveis enquanto encorajamos a hora do banho. Apesar de esta abordagem demandar a curto prazo um período de tempo maior para a realização das atividades cotidianas, notamos que, a longo prazo, esta atitude nos ajuda a conseguir muito mais rapidamente a participação espontânea que queremos.

Ou seja, numa primeira tentativa, ao seguir as recomendações acima, o banho da criança pode acabar demorando mais que o esperado, mas você poderá perceber com o tempo que nas próximas vezes o processo poderá ser reduzido, e continuará sendo divertido. Reserve um período no seu dia para o momento do banho e não tenha pressa caso a criança leve algum tempo para engajar-se nele e para concluí-lo nas primeiras tentativas.

Importante: Aprecie esse momento junto com a criança! Apaixone-se pelos interesses e motivações atuais da sua criança e não tenha receio em colocar em prática a sua criatividade e expressividade. Na hora do banho, tente apreciar você também essa atividade. Sabemos que muitas vezes temos um tempo contado durante o dia para o banho, mas tente encontrar algumas oportunidades ao longo da semana em que vocês poderão entrar para o banho com calma e com disponibilidade para apreciar a atividade. Em nossos Cursos de Módulo 1 abordamos outras técnicas que podem ser utilizadas por você em seu dia a dia.

Veja em nosso site a programação dos eventos introdutórios, abertos a pais, familiares e profissionais ligados a pessoas com diagnósticos do autismo. Para ler mais informações sobre outras atividades da vida diária, acesse o nosso site e verifique nossas recomendações sobre alimentação, escovação de dentes e visitas ao dentista.

Compartilhe com a gente as suas dicas e experiências escrevendo um comentário abaixo para o nosso blog! As suas dicas e experiências poderão ser úteis para outros pais, familiares e profissionais. Vamos trocar ideias!

Educação inclusiva para pessoas com autismo - banner 2

Como os pais podem ajudar suas crianças com autismo

Uma reportagem publicada no site da Veja neste mês sob o título “‘Treinar’ pais de criança autista reduz sintomas do transtorno” traz resultados importantes de uma pesquisa realizada com crianças com sinais de autismo em seus primeiros anos de vida.

O estudo foi realizado nos EUA e utilizou o método Infant Start, cuja proposta seria capacitar os pais para que eles, em seu convívio diário com as crianças, possam ajudá-las a desenvolver suas habilidades de comunicação, atenção compartilhada, interação e aprendizado social.

Segundo o site da Universidade da Califórnia, onde o estudo foi conduzido, o método foi utilizado junto a crianças com 6 a 15 meses de idade, durante um período de seis meses. As sete crianças selecionadas para participar do estudo apresentaram sintomas de autismo tais como a diminuição do contato visual e do interesse ou engajamento social , padrões de movimento repetitivos e falta de comunicação intencional.

Autism treatment in the first year of life: A pilot study of Infant Start, a parent-implemented intervention for symptomatic infants“, é de co-autoria dos professores de Psiquiatria e Ciências Comportamentais da Universidade da Califórnia, em Davis, Sally J. Rogers e Sally Ozonoff e foi publicado on-line no Journal of Autism and Developmental Disorders​.

Rogers, a principal autora do estudo e desenvolvedora do método Infant Start, afirma que “a maioria das crianças do estudo, ou seja, seis das sete crianças, conseguiu alcançar todas as habilidades de aprendizagem e de linguagem quando observadas aos dois ou três anos de idade. Estas crianças praticamente não foram diagnosticadas com autismo até então”, o que demonstra a eficácia do tratamento precoce com a ajuda dos pais.

A participação fundamental dos pais, sob orientação dos profissionais

Para Rogers, os pais, após receberem o treinamento por parte da equipe de profissionais, assumiram um papel fundamental no processo, pois eles estão todos os dias com seus bebês e podem aproveitar momentos cotidianos como a troca de fraldas, a alimentação, as brincadeiras no chão, as caminhadas e as atividades de lazer para colaborarem na aprendizagem dos pequenos. Segundo Rogers, “Esses momentos, os pais podem aproveitar de uma forma que mais ninguém realmente pode”.

A importância da intervenção precoce

De acordo com as informações existentes no site da Universidade da Califórnia, as crianças diagnosticadas com autismo normalmente recebem intervenção precoce com início aos 3 ou 4 anos de idade, seis a oito vezes mais tarde do que as crianças que participaram do estudo. Mas os primeiros sintomas de autismo podem estar presentes durante o primeiro ano de vida da criança, sendo a primeira infância um momento crucial para que as crianças desenvolvam a interação social e a comunicação. Por isso, os pesquisadores e pais de crianças com autismo têm trabalhado para identificar a desordem e começar a intervenção mais cedo.

Ozonoff, que dirige o Instituto MIND e coordena projetos de detecção precoce em bebês com risco de desenvolver autismo, diz que: “Queremos fazer os encaminhamentos para a intervenção precoce logo que há sinais de que um bebê possa estar desenvolvendo autismo”. Mas a pesquisadora reconhece que “Em muitas partes do país e do mundo, os serviços que abordam habilidades de desenvolvimento específico para o autismo não estão disponíveis para crianças tão jovens”, o que sinaliza os desafios no emprego do método.

Como os pais podem ajudar suas crianças com autismo: a eficácia das sessões “um a um” e de se seguir os interesses da criança

O tratamento utilizado no estudo foi baseado na abordagem conhecida como Early Start Denver Model (ESDM), desenvolvida por Rogers e Geraldine Dawson, professora de Psiquiatria, Psicologia e Pediatria da Universidade Duke, na Carolina do Norte.

Tendo o Early Start Denver Model como pano de fundo, os pais foram orientados a apoiar, de forma individualizada, as necessidades de desenvolvimento de seus filhos, além de observar os interesses das crianças, priorizando a criação de rotinas sociais prazerosas. A intervenção teve como objetivos aumentar a atenção das crianças para a voz e os rostos dos pais; aumentar as interações entre pais e filhos, trazendo sorrisos e prazer para ambos; aumentar a imitação de sons e ações intencionais; e fazer uso de brinquedos apenas para apoiar a atenção social da criança, e não competindo com ela.

O tratamento consistiu em 12 sessões de uma hora com as crianças e os seus pais, tendo sido seguido por um período de manutenção de seis semanas, com visitas quinzenais, e avaliações para acompanhamento em 24 e 36 meses.

As crianças que receberam a intervenção apresentaram uma redução significativa na gravidade do autismo entre 18 a 36 meses de idade, quando comparadas com um pequeno grupo de crianças com o mesmo grupo de sintomas e que não receberam a terapia. As crianças que receberam a intervenção tiveram um prejuízo menor quanto aos atrasos de linguagem e de desenvolvimento se comparadas aos dos demais quatro grupos de controle.

As limitações do estudo

Conforme mencionado no site da Universidade da Califórnia, considerando a natureza preliminar dos resultados, o estudo apenas sugere que o tratamento precoce dos sintomas possa vir a diminuir o surgimento de outras dificuldades mais tarde. Assim, a realização de mais estudos controlados seria necessária para testar e a avaliar a possibilidade de emprego do tratamento para um uso geral. No entanto, para os pesquisadores, os resultados deste estudo inicial são significativos e relevantes devido às idades dos bebês, ao número de sintomas e atrasos que exibiram no início da vida, ao número de grupos de comparação envolvidos no estudo, e ao fato de que a intervenção aplicada foi de baixa intensidade, podendo ser realizada pelos pais em suas rotinas diárias.

Rogers salienta que: “Meu objetivo é que crianças e adultos com sintomas de autismo possam ser capazes de participar com sucesso no dia a dia e em todos os aspectos da comunidade em que desejem participar: terem um trabalho satisfatório, atividades de lazer e relacionamentos, uma educação que atenda às suas necessidades e objetivos, um círculo de pessoas que amam, e estarem satisfeitos com as suas vidas”.

Gostou dessa reportagem? Acha que a ideia pode ser útil para famílias que você conhece? Então, acesse o Facebook e compartilhe este artigo. Ajude-nos a divulgar estas ideias!

 

 

 

 

 

A aventura da caça ao tesouro - atividade interativa para crianças com autismo

A aventura da caça ao tesouro – atividade para crianças com autismo

Leia a seguir a divertida atividade para crianças com autismo que pode ajudá-las a ter participações físicas em jogos simbólicos, a desenvolver a flexibilidade e o período de atenção compartilhada, a solucionar problemas e a expandir sua comunicação verbal.

Interesses:

Suspense, comédia pastelão, encontrar objetos escondidos, tesouros, personagens favoritos da criança (por exemplo, a turma do Peter Pan).

Metas principais:

Participação física em jogo simbólico.
Flexibilidade – participação em jogo com diversas etapas, estrutura complexa e um conjunto de regras.
Desenvolver período de atenção compartilhada de 20 minutos ou mais.
Solução de problemas.
Comunicação verbal.

Preparação da atividade:

Confeccione um mapa do tesouro. O mapa consiste no tracejado de um caminho que passa por cerca de 5 ou 6 lugares imaginários antes de se chegar ao esconderijo do tesouro. Cada lugar tem um nome e uma figura pictórica representativa. Numere os lugares de acordo com a sequência a ser seguida no mapa. Por exemplo, o trajeto do mapa tem o início no lugar 1, que é casa da Wendy. O lugar 2 pode ser a árvore oca onde os meninos perdidos moram, o lugar 3 a aldeia dos índios, o lugar 4 o barco do Capitão Gancho, o lugar 5 a parte do mar onde mora o crocodilo Tique-Taque, e o lugar 6 a gruta do tesouro.

Confeccione também, antes da sessão, 6 pistas escritas em tiras de papel ou em cartões. As pistas informarão quais as aventuras que os participantes enfrentarão a seguir (tarefas que os participantes cumprirão juntos) para conseguir chegar ao próximo lugar no mapa e receber a nova pista.

Esconda as pistas pelo quarto em meio aos acessórios que representarão cada um dos locais mencionados no mapa, como um lençol azul em um canto do chão que será o mar do crocodilo, as almofadas ou a rede que representarão o barco pirata, a caixa de papelão que será a árvore oca, etc.

Traga para o quarto duas mochilas (uma para você e uma para a criança) com acessórios para a aventura, como uma lanterna, óculos de natação, comidinhas de plástico, copos de plástico, uma corda, um lençol, kit infantil de médico para primeiros socorros, kit infantil de ferramentas, papel e caneta, meias, capas e diferentes peças de vestimentas.

Ideias para o que poderia ser o tesouro: uma capa mágica que quando vestimos nos ajuda a voar; o pó (glitter) de pirlimpimpim da Sininho também para nos ajudar a voar; a boneca ou figura da Sininho que foi presa pelo Capitão Gancho e nossa missão será salvá-la; um objeto ou um alimento favorito; um copo contendo suco imaginário mágico que, ao beber, você fica tão forte que consegue jogar a sua criança para o alto várias vezes, rodá-la em seus braços, fazer coceguinhas, dar vários abraços, o que quer que seja motivador para sua criança.

Estrutura da atividade:

Escolham que personagens da turma do Peter Pan cada um quer ser. Vistam fantasias e pendurem nas costas suas mochilas com os acessórios. Se a criança não quiser vestir nada ou carregar uma mochila, você pode levar a mochila dela. Explique para a criança o que significa o mapa, como vocês encontrarão as pistas e que tipo de tesouro encontrarão no final. Procure considerar o que você acredita ser mais motivador para sua criança: saber desde o início qual será o tesouro ou manter-se o mistério em relação ao conteúdo dele.

Analisando o mapa juntamente com a criança, dirijam-se para o local no quarto que representará o lugar  1 do mapa, a casa da Wendy. Lá, você encontrará a primeira pista e a lerá para a criança (ela poderá ler se já tiver adquirido essa habilidade). A pista os instruirá para que cumpram uma tarefa de forma a chegar ao próximo lugar do mapa.

Exemplos de tarefas:

“O seu amigo vai cair no mar. Salve o seu amigo do crocodilo Tique Taque.” Você pula no mar (no lençol azul que está no chão) e sugere que a criança use a corda que está na mochila dela para içá-lo da água.
“Pergunte ao macaco onde a Sininho escondeu o pó de pirlimpimpim.” Você é o modelo social e faz você mesmo a pergunta para o boneco do macaco, ou você ajuda a sua criança a fazer a pergunta.
“Vá até o barco pirata nadando, mas tome cuidado com o Tique Taque, pois ele está com fome!” Vocês vestem os óculos de natação e nadam em cima do lençol azul, mas quando ouvem o som de tique taque da barriga do crocodilo, fogem nadando o mais rápido possível, ou fogem surfando em uma onda, ou então oferecem a ele uma comidinha de plástico que trouxeram na mochila.
“O seu amigo vai queimar a perna na fogueira dos índios. Faça um curativo na perna do seu amigo.” Vocês escolhem quem machuca a perna na fogueira e o outro então usa o kit infantil de médico para fazer uma atadura, passar pomada, usar o estetoscópio, dar remédio, etc.

Celebre as participações sociais da criança, suas comunicações verbais, participações físicas, ideias que ela compartilhar para contribuir na atividade e para solucionar problemas, sua atenção, olhares, sorrisos, e sua flexibilidade para seguir as regras do jogo e aceitar as sugestões oferecidas por você. As celebrações (e a diversão) estarão presentes no decorrer de toda a atividade interativa, e não somente quando vocês cumprirem as tarefas e chegarem ao tesouro.

Variações:

Muitas das crianças, adolescentes e adultos atualmente se interessam mais pela temática da série Piratas do Caribe, da Disney, do que pela turma do Peter Pan. Se este for o caso da pessoa para quem você está confeccionando a atividade, os personagens e lugares do seu mapa estarão relacionados à turma do Jack Sparrow e seus companheiros.

Observações:

Divirta-se com o faz de conta entrando a fundo no mundo da imaginação. Ande com muito cuidado quando vocês estiverem na beira de um precipício, sinta o cheiro e o calor da fogueira, delicie-se com a maçã gigante e suculenta que vocês vão comer com os meninos perdidos, interaja com o ambiente do quarto como se todos aqueles lugares do mapa estivessem mesmo ali. Demonstre para sua criança esta interação com o ambiente imaginário exagerando os movimentos de seu corpo, as expressões em sua face e o uso de sua voz.

Participe e troque ideias com a gente!

O que você achou dessa atividade para crianças com autismo? Queremos escutar a sua opinião! Acesse o nosso Facebook clicando no ícone abaixo, nos conte o que você achou dessa atividade e compartilhe a atividade para crianças com autismo com seus amigos!

Como ajudar pessoas com autismo na interação social

Um artigo interessante publicado num blog do New York Times examina como ajudar pessoas com autismo na interação social e dá uma resposta que nós já conhecemos para essa pergunta: crianças, adolescentes e adultos com autismo podem aprender a se relacionar e a desenvolver suas habilidades de interação social e comunicação simplesmente brincando!

E o artigo vai mais longe. Ele pergunta: por que não usarmos os personagens favoritos da pessoa com autismo para promover, através das brincadeiras, o seu aprendizado social? O artigo sugere que as atividades lúdicas desenvolvidas junto às pessoas com autismo podem ser aproveitadas de forma mais profunda, eficaz e valorosa para a interação social a partir da utilização dos personagens prediletos da criança, adolescente ou adulto.

Kevin Pelphrey, diretor do laboratório de neurociência da criança na Universidade de Yale, defende a individualização e a personalização da terapia para cada criança e, sendo assim, na opinião dele, se uma criança tem uma afinidade com certos personagens animados, seria absolutamente válido propor uma terapia que incorpore os personagens prediletos dela de forma significativa.

Kevin Pelphrey, juntamente com outros pesquisadores, tais como John D. E. Gabrieli, do MIT, Simon Baron-Cohen, da Universidade de Cambridge, e Pamela Ventola, de Yale, estão propondo um ensaio clínico para testar esta proposta. A ideia teria surgido a partir do livro “Life, Animated” escrito por Ron Suskind, que é um ex-repórter do Wall Street Journal. Nele, Ron fala sobre seu filho, Owen, que tem autismo e que é apaixonado por filmes da Disney como “A Pequena Sereia” e “A Bela e a Fera”.

Ron Suskind conta de maneira emocionante como o pequeno Owen, que regrediu em suas habilidades sociais e em sua comunicação em torno dos 3 anos de idade, usou a repetição de cenas de um filme da Disney para comunicar aos seus pais a sua dificuldade em falar. Owen teria escolhido o trecho “Just your voice” (“Apenas a sua fala”, em Português)  da bruxa Úrsula, que no filme “A Pequena Sereia” havia roubado a voz da sereia Ariel, para expressar o que ele próprio estava sentindo. Owen tinha perdido sua habilidade de falar e estava não verbal naquele momento. Assim como a personagem do filme, o pequeno Owen também não tinha “voz”. Esta experiência fora crucial para a família, que, aos poucos, decidiu aproveitar o fato de Owen ficar atento e focado ao assistir seus filmes favoritos para então usar os elementos e personagens desses filmes como um canal de aprendizado social.

Sobre o ensaio clínico que será conduzido pelos pesquisadores, originado a partir da experiência de Ron e de seu filho Owen,  Sally J. Rogers, professora de psiquiatria no Instituto MIND, da Universidade da Califórnia, e co-autora da abordagem americana Early Start Denver Model, diz: “A hipótese que se colocou à frente é boa, e absolutamente vale a pena estudá-la”. “Se você pensar sobre esses personagens animados, eles são fortes estímulos visuais: as emoções dos personagens são exageradas, aquelas sobrancelhas e os olhos grandes, a música que acompanha as expressões. Observando esses personagens, vemos que é uma forma como muitos de nós aprendemos os scripts que são apropriados nas situações sociais.”

Segundo o jornal, o estudo que será realizado sobre o tema durará 16 semanas e incluirá 68 crianças com autismo, com idades entre 4 a 6 anos. Metade das crianças receberá uma terapia utilizando os programas ou filmes que eles mais gostam como uma estrutura para aumentar a interação e a construção de habilidades que possibilitem o contato visual e jogo social. A outra metade das crianças será o grupo controle, que receberá a mesma quantidade de interações com um terapeuta, mas de forma livre, lideradas pelo interesse da criança.

Nós da Inspirados pelo Autismo estamos entusiasmados com a realização deste estudo e aguardaremos pelos resultados. Em nosso cotidiano, percebemos que muitas de nossas crianças, adolescentes e adultos com autismo também parecem extremamente interessadas por determinados personagens, que eles podem ter visto em programas infantis, em filmes, em jogos, brinquedos, etc. E acreditamos que as falas, expressões, vestimentas, trejeitos e todas as outras possíveis características divertidas e que tornam cada personagem atraente para a pessoa com autismo possam ser incorporados para criar espontâneos e divertidos momentos de interação social em casa, na escola ou no consultório.

Em nossa abordagem, quando nós sentimos que a pessoa com autismo está totalmente envolvida nessa interação social (na brincadeira com o facilitador, que pode ter sido criada a partir de elementos de um filme ou de personagens), nós então introduzimos pequenas solicitações ligadas às metas que estamos trabalhando naquele momento. Por exemplo, podemos pedir que a criança tenha uma participação física junto ao personagem favorito dela ou que ela responda ao personagem a respeito de determinado tema. Muitas crianças, adolescentes e adultos se sentem motivados e verdadeiramente apreciam esse momento de interação, ao mesmo tempo em que sabemos que eles estão desenvolvendo os seus talentos e habilidades.

Leia o artigo (em inglês) publicado no New York Times para conhecer melhor o ensaio científico que será realizado e também a opinião de outros pais e profissionais sobre atividades lúdicas envolvendo personagens. Quer conhecer a história de Owen e saber como ele se desenvolveu numa terapia que utilizou seus personagens prediletos? Acesse aqui uma matéria no mesmo jornal sobre a experiência dele, contada por seu pai.

Saiba que nós da Inspirados pelo Autismo temos visto que as atividades lúdicas dão certo! Você já tentou algo assim antes para ajudar pessoas com autismo na interação social? Vamos lá! Observe quem são os personagens prediletos da pessoa com autismo nesse momento e traga elementos desse personagem para a interação social de vocês. Você pode improvisar a vestimenta e se esforçar para imitar o personagem e seu jeito engraçado de agir. Acesse a nossa página sobre atividades interativas e se inspire. Depois, conte para a gente como foi a sua experiência. Divirtam-se!

Como criar atividades para pessoas com autismo

Como criar atividades para pessoas com autismo

A abordagem da Inspirados pelo Autismo propõe que o desenvolvimento das crianças, adolescentes e adultos ocorra através de uma interação divertida entre a pessoa com autismo e um facilitador.

A essência da atividade é a diversão. A interação prazerosa entre a pessoa com autismo e o facilitador é o foco. Para conseguirmos aliar as metas do programa da pessoa com autismo aos interesses e motivações dela, existe um amplo e estruturado planejamento. Pais, familiares, profissionais e voluntários precisam estar sintonizados com os objetivos do programa e muito atentos ao que está chamando a atenção da pessoa com autismo naquele momento.

Em nosso último Curso de Módulo 3, trabalhamos em conjunto com os participantes para ajudá-los a desenvolver não só sua capacidade para criar atividades para pessoas com autismo, como também a expressividade para colocar essas novas atividades em prática. Tudo começou pela análise da Tabela de Habilidades da Inspirados pelo Autismo, que é parte do material didático do curso e peça fundamental para a estruturação do programa. Com a ajuda da Tabela, podemos escolher em que metas focar.

Em grupo, fizemos também uma tempestade de ideias para identificar quais seriam as ações motivadoras para cada criança e quais seriam as estratégias para alcançarmos as metas estabelecidas. Como criar atividades para pessoas com autismo, pensamos juntos? Qual será o papel do do adulto? E o que será solicitado da criança? Quais serão as ações motivadoras oferecidas à criança? Quais possíveis variações podem ser incorporadas à brincadeira? (Você pode ver alguns exemplos das atividades em nossa página de atividades para crianças com autismo.)

Veja a seguir as fotos do fantástico processo de como criar atividades para pessoas com autismo e também do trabalho feito para expansão da expressividade durante as brincadeiras.

Parabéns aos grupos de trabalho presentes no evento por criar atividades para pessoas com autismo que sejam inovadoras, divertidas, criativas, engraçadas e promotoras do desenvolvimento! Compartilhem com a gente notícias sobre como tem sido a aplicação destas atividades com as pessoas com autismo com que vocês se relacionam!

Rolar para cima

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 17 a 20 de setembro

Investimento por participante:
1º lote: R$1428 até o dia 10/07/20 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 10/08/20 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 08/09/20 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 08 de setembro de 2020 (terça-feira).

Descontos em mais de um curso: Quem se inscrever em 2 cursos, também tem o desconto de 5% somado ao desconto por prazo de inscrição. Quem se inscrever em 3 ou mais cursos tem o desconto de 10% somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral dos cursos. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras.

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 24 a 27 de março

1º lote: R$1428 até o dia 17/12/21 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 15/02/22 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 15/03/22 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 15 de março de 2022 (terça-feira).

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.