Adulto com autismo

Diagnosticado com autismo aos 31 anos, rapaz escreve detalhado e emocionante relato sobre sua trajetória e compartilha informações valiosas sobre o autismo

Adulto com autismoÉ possível que alguém viva por muitos anos com características do espectro do autismo sem receber um diagnóstico? A história escrita por Guillaume Paumier sobre a sua própria trajetória mostra que sim.

Mais do que mostrar que o autismo pode ser diagnosticado em pessoas adultas, o emocionante relato de Guillaume é uma rica oportunidade de conhecer mais de perto suas percepções, desafios, sensações, emoções e sentimentos.

O detalhado e elaborado relato de Guillaume aborda temas importantes para a compreensão do autismo, como a função da Teoria da Mente e o papel dos neurônios-espelho para as interações sociais. O relato traz à tona o debate em torno de concepções e ideias usualmente difundidas sobre o universo das pessoas com autismo, sob o ponto de vista de Guillaume.

Resgatando cenas marcantes de sua vida, desde a infância e a relação com a escola até o seu momento atual, das relações pessoais ao mundo do trabalho, Guillaume nos leva para bem perto de seu cotidiano e, assim, nos oferece a oportunidade de repensarmos nossas posturas e atitudes frente às pessoas com características do espectro do autismo.

Veja abaixo alguns trechos retirados do blog de Guillaume e acesse a versão em português de seu relato para continuar lendo o texto de autoria de Guillaume:

“Como poderá imaginar, descobrir que você está no espectro autista aos 31 anos muda a sua percepção completamente; de repente tudo começa a fazer sentido. Eu aprendi muito nestes dois últimos anos, e essa metacognição aumentada me possibilitou observar eventos passados através de uma nova lente.”

“Logo que eu me mudei para os EUA, toda vez que alguém me perguntava “How are you?”, eu fazia uma pausa para pensar sobre a questão. Agora eu já entendi que é somente uma saudação, não exatamente uma pergunta, e praticamente já digo de modo automático “Bem, e você?”. Tardo somente alguns milissegundos para sair do modo curto-circuito e acionar o processo de resposta. Mas se as pessoas saem dessa saudação inicial, esse atalho mental deixa de funcionar. Há alguns anos, uma pessoa do escritório da Fundação Wikimedia me perguntou “Como vai o teu mundo?” e eu fiquei paralisado por alguns segundos. Para poder responder àquela pergunta meu cérebro começou a revisar tudo o que estava acontecendo no “meu mundo” (e o “meu mundo” é grande!), até que eu percebi que eu só precisava dizer “Bem, obrigado!”.”

“Pessoas neurotípicas possuem neurônios-espelho que fazem com que elas sintam o que a pessoa à sua frente está sentindo; os autistas os possuem em quantidade consideravelmente reduzida, o que faz com que eles tenham que escrutinizar os seus sinais para poder tentar entender o que você está sentindo. Mas, ainda assim, eles são pessoas que têm sentimentos.”

Agradecemos ao Guillaume pela oportunidade de divulgar em nosso blog suas valiosas percepções e experiências.

Esperamos que o relato de Guillaume inspire pessoas com autismo, pais, familiares e profissionais e tragas novas ideias e reflexões! Leia o texto completo de Guillaume e conte para gente o que você achou!

O texto de Guillaume foi traduzido por Tila Cappelletto e encontra-se acessível pelo link abaixo: https://guillaumepaumier.com/pt-br/2015/08/31/minha-vida-como-autista-e-wikipedista/