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A aventura da caça ao tesouro - atividade interativa para crianças com autismo

A aventura da caça ao tesouro – atividade para crianças com autismo

Leia a seguir a divertida atividade para crianças com autismo que pode ajudá-las a ter participações físicas em jogos simbólicos, a desenvolver a flexibilidade e o período de atenção compartilhada, a solucionar problemas e a expandir sua comunicação verbal.

Interesses:

Suspense, comédia pastelão, encontrar objetos escondidos, tesouros, personagens favoritos da criança (por exemplo, a turma do Peter Pan).

Metas principais:

Participação física em jogo simbólico.
Flexibilidade – participação em jogo com diversas etapas, estrutura complexa e um conjunto de regras.
Desenvolver período de atenção compartilhada de 20 minutos ou mais.
Solução de problemas.
Comunicação verbal.

Preparação da atividade:

Confeccione um mapa do tesouro. O mapa consiste no tracejado de um caminho que passa por cerca de 5 ou 6 lugares imaginários antes de se chegar ao esconderijo do tesouro. Cada lugar tem um nome e uma figura pictórica representativa. Numere os lugares de acordo com a sequência a ser seguida no mapa. Por exemplo, o trajeto do mapa tem o início no lugar 1, que é casa da Wendy. O lugar 2 pode ser a árvore oca onde os meninos perdidos moram, o lugar 3 a aldeia dos índios, o lugar 4 o barco do Capitão Gancho, o lugar 5 a parte do mar onde mora o crocodilo Tique-Taque, e o lugar 6 a gruta do tesouro.

Confeccione também, antes da sessão, 6 pistas escritas em tiras de papel ou em cartões. As pistas informarão quais as aventuras que os participantes enfrentarão a seguir (tarefas que os participantes cumprirão juntos) para conseguir chegar ao próximo lugar no mapa e receber a nova pista.

Esconda as pistas pelo quarto em meio aos acessórios que representarão cada um dos locais mencionados no mapa, como um lençol azul em um canto do chão que será o mar do crocodilo, as almofadas ou a rede que representarão o barco pirata, a caixa de papelão que será a árvore oca, etc.

Traga para o quarto duas mochilas (uma para você e uma para a criança) com acessórios para a aventura, como uma lanterna, óculos de natação, comidinhas de plástico, copos de plástico, uma corda, um lençol, kit infantil de médico para primeiros socorros, kit infantil de ferramentas, papel e caneta, meias, capas e diferentes peças de vestimentas.

Ideias para o que poderia ser o tesouro: uma capa mágica que quando vestimos nos ajuda a voar; o pó (glitter) de pirlimpimpim da Sininho também para nos ajudar a voar; a boneca ou figura da Sininho que foi presa pelo Capitão Gancho e nossa missão será salvá-la; um objeto ou um alimento favorito; um copo contendo suco imaginário mágico que, ao beber, você fica tão forte que consegue jogar a sua criança para o alto várias vezes, rodá-la em seus braços, fazer coceguinhas, dar vários abraços, o que quer que seja motivador para sua criança.

Estrutura da atividade:

Escolham que personagens da turma do Peter Pan cada um quer ser. Vistam fantasias e pendurem nas costas suas mochilas com os acessórios. Se a criança não quiser vestir nada ou carregar uma mochila, você pode levar a mochila dela. Explique para a criança o que significa o mapa, como vocês encontrarão as pistas e que tipo de tesouro encontrarão no final. Procure considerar o que você acredita ser mais motivador para sua criança: saber desde o início qual será o tesouro ou manter-se o mistério em relação ao conteúdo dele.

Analisando o mapa juntamente com a criança, dirijam-se para o local no quarto que representará o lugar  1 do mapa, a casa da Wendy. Lá, você encontrará a primeira pista e a lerá para a criança (ela poderá ler se já tiver adquirido essa habilidade). A pista os instruirá para que cumpram uma tarefa de forma a chegar ao próximo lugar do mapa.

Exemplos de tarefas:

“O seu amigo vai cair no mar. Salve o seu amigo do crocodilo Tique Taque.” Você pula no mar (no lençol azul que está no chão) e sugere que a criança use a corda que está na mochila dela para içá-lo da água.
“Pergunte ao macaco onde a Sininho escondeu o pó de pirlimpimpim.” Você é o modelo social e faz você mesmo a pergunta para o boneco do macaco, ou você ajuda a sua criança a fazer a pergunta.
“Vá até o barco pirata nadando, mas tome cuidado com o Tique Taque, pois ele está com fome!” Vocês vestem os óculos de natação e nadam em cima do lençol azul, mas quando ouvem o som de tique taque da barriga do crocodilo, fogem nadando o mais rápido possível, ou fogem surfando em uma onda, ou então oferecem a ele uma comidinha de plástico que trouxeram na mochila.
“O seu amigo vai queimar a perna na fogueira dos índios. Faça um curativo na perna do seu amigo.” Vocês escolhem quem machuca a perna na fogueira e o outro então usa o kit infantil de médico para fazer uma atadura, passar pomada, usar o estetoscópio, dar remédio, etc.

Celebre as participações sociais da criança, suas comunicações verbais, participações físicas, ideias que ela compartilhar para contribuir na atividade e para solucionar problemas, sua atenção, olhares, sorrisos, e sua flexibilidade para seguir as regras do jogo e aceitar as sugestões oferecidas por você. As celebrações (e a diversão) estarão presentes no decorrer de toda a atividade interativa, e não somente quando vocês cumprirem as tarefas e chegarem ao tesouro.

Variações:

Muitas das crianças, adolescentes e adultos atualmente se interessam mais pela temática da série Piratas do Caribe, da Disney, do que pela turma do Peter Pan. Se este for o caso da pessoa para quem você está confeccionando a atividade, os personagens e lugares do seu mapa estarão relacionados à turma do Jack Sparrow e seus companheiros.

Observações:

Divirta-se com o faz de conta entrando a fundo no mundo da imaginação. Ande com muito cuidado quando vocês estiverem na beira de um precipício, sinta o cheiro e o calor da fogueira, delicie-se com a maçã gigante e suculenta que vocês vão comer com os meninos perdidos, interaja com o ambiente do quarto como se todos aqueles lugares do mapa estivessem mesmo ali. Demonstre para sua criança esta interação com o ambiente imaginário exagerando os movimentos de seu corpo, as expressões em sua face e o uso de sua voz.

Participe e troque ideias com a gente!

O que você achou dessa atividade para crianças com autismo? Queremos escutar a sua opinião! Acesse o nosso Facebook clicando no ícone abaixo, nos conte o que você achou dessa atividade e compartilhe a atividade para crianças com autismo com seus amigos!

Como ajudar pessoas com autismo na interação social

Um artigo interessante publicado num blog do New York Times examina como ajudar pessoas com autismo na interação social e dá uma resposta que nós já conhecemos para essa pergunta: crianças, adolescentes e adultos com autismo podem aprender a se relacionar e a desenvolver suas habilidades de interação social e comunicação simplesmente brincando!

E o artigo vai mais longe. Ele pergunta: por que não usarmos os personagens favoritos da pessoa com autismo para promover, através das brincadeiras, o seu aprendizado social? O artigo sugere que as atividades lúdicas desenvolvidas junto às pessoas com autismo podem ser aproveitadas de forma mais profunda, eficaz e valorosa para a interação social a partir da utilização dos personagens prediletos da criança, adolescente ou adulto.

Kevin Pelphrey, diretor do laboratório de neurociência da criança na Universidade de Yale, defende a individualização e a personalização da terapia para cada criança e, sendo assim, na opinião dele, se uma criança tem uma afinidade com certos personagens animados, seria absolutamente válido propor uma terapia que incorpore os personagens prediletos dela de forma significativa.

Kevin Pelphrey, juntamente com outros pesquisadores, tais como John D. E. Gabrieli, do MIT, Simon Baron-Cohen, da Universidade de Cambridge, e Pamela Ventola, de Yale, estão propondo um ensaio clínico para testar esta proposta. A ideia teria surgido a partir do livro “Life, Animated” escrito por Ron Suskind, que é um ex-repórter do Wall Street Journal. Nele, Ron fala sobre seu filho, Owen, que tem autismo e que é apaixonado por filmes da Disney como “A Pequena Sereia” e “A Bela e a Fera”.

Ron Suskind conta de maneira emocionante como o pequeno Owen, que regrediu em suas habilidades sociais e em sua comunicação em torno dos 3 anos de idade, usou a repetição de cenas de um filme da Disney para comunicar aos seus pais a sua dificuldade em falar. Owen teria escolhido o trecho “Just your voice” (“Apenas a sua fala”, em Português)  da bruxa Úrsula, que no filme “A Pequena Sereia” havia roubado a voz da sereia Ariel, para expressar o que ele próprio estava sentindo. Owen tinha perdido sua habilidade de falar e estava não verbal naquele momento. Assim como a personagem do filme, o pequeno Owen também não tinha “voz”. Esta experiência fora crucial para a família, que, aos poucos, decidiu aproveitar o fato de Owen ficar atento e focado ao assistir seus filmes favoritos para então usar os elementos e personagens desses filmes como um canal de aprendizado social.

Sobre o ensaio clínico que será conduzido pelos pesquisadores, originado a partir da experiência de Ron e de seu filho Owen,  Sally J. Rogers, professora de psiquiatria no Instituto MIND, da Universidade da Califórnia, e co-autora da abordagem americana Early Start Denver Model, diz: “A hipótese que se colocou à frente é boa, e absolutamente vale a pena estudá-la”. “Se você pensar sobre esses personagens animados, eles são fortes estímulos visuais: as emoções dos personagens são exageradas, aquelas sobrancelhas e os olhos grandes, a música que acompanha as expressões. Observando esses personagens, vemos que é uma forma como muitos de nós aprendemos os scripts que são apropriados nas situações sociais.”

Segundo o jornal, o estudo que será realizado sobre o tema durará 16 semanas e incluirá 68 crianças com autismo, com idades entre 4 a 6 anos. Metade das crianças receberá uma terapia utilizando os programas ou filmes que eles mais gostam como uma estrutura para aumentar a interação e a construção de habilidades que possibilitem o contato visual e jogo social. A outra metade das crianças será o grupo controle, que receberá a mesma quantidade de interações com um terapeuta, mas de forma livre, lideradas pelo interesse da criança.

Nós da Inspirados pelo Autismo estamos entusiasmados com a realização deste estudo e aguardaremos pelos resultados. Em nosso cotidiano, percebemos que muitas de nossas crianças, adolescentes e adultos com autismo também parecem extremamente interessadas por determinados personagens, que eles podem ter visto em programas infantis, em filmes, em jogos, brinquedos, etc. E acreditamos que as falas, expressões, vestimentas, trejeitos e todas as outras possíveis características divertidas e que tornam cada personagem atraente para a pessoa com autismo possam ser incorporados para criar espontâneos e divertidos momentos de interação social em casa, na escola ou no consultório.

Em nossa abordagem, quando nós sentimos que a pessoa com autismo está totalmente envolvida nessa interação social (na brincadeira com o facilitador, que pode ter sido criada a partir de elementos de um filme ou de personagens), nós então introduzimos pequenas solicitações ligadas às metas que estamos trabalhando naquele momento. Por exemplo, podemos pedir que a criança tenha uma participação física junto ao personagem favorito dela ou que ela responda ao personagem a respeito de determinado tema. Muitas crianças, adolescentes e adultos se sentem motivados e verdadeiramente apreciam esse momento de interação, ao mesmo tempo em que sabemos que eles estão desenvolvendo os seus talentos e habilidades.

Leia o artigo (em inglês) publicado no New York Times para conhecer melhor o ensaio científico que será realizado e também a opinião de outros pais e profissionais sobre atividades lúdicas envolvendo personagens. Quer conhecer a história de Owen e saber como ele se desenvolveu numa terapia que utilizou seus personagens prediletos? Acesse aqui uma matéria no mesmo jornal sobre a experiência dele, contada por seu pai.

Saiba que nós da Inspirados pelo Autismo temos visto que as atividades lúdicas dão certo! Você já tentou algo assim antes para ajudar pessoas com autismo na interação social? Vamos lá! Observe quem são os personagens prediletos da pessoa com autismo nesse momento e traga elementos desse personagem para a interação social de vocês. Você pode improvisar a vestimenta e se esforçar para imitar o personagem e seu jeito engraçado de agir. Acesse a nossa página sobre atividades interativas e se inspire. Depois, conte para a gente como foi a sua experiência. Divirtam-se!

Show de talentos – uma atividade lúdica para crianças com autismo

Leia a seguir mais uma fantástica sugestão de atividade lúdica para crianças com autismo que poderá ajudar a sua criança, adolescente ou adulto com autismo a desenvolver os seus talentos e habilidades.

Interesses:

Programas de televisão, personagens favoritos, cantar, dançar, ouvir histórias, piadas, acrobacias e charadas.

Metas principais:

Participação física da criança na brincadeira. Flexibilidade. Desenvolver atenção compartilhada de 15 minutos ou mais.

Ação motivadora (o papel do adulto):

O adulto agirá como se fosse um participante de um show de talentos televisivo e representará os personagens nas diversas apresentações sorteadas.

Solicitação (o papel da criança):

A criança jogará dois dados. O primeiro dado conterá figuras dos seus seis personagens favoritos. O segundo dado conterá palavras com seis tipos de apresentação (por exemplo, dançar, cantar, contar uma piada, fazer e responder uma charada, contar uma história, fazer uma acrobacia) que serão executadas pelos personagens.

Estrutura da atividade:

O adulto explica à criança que eles vão participar de um incrível show de talentos e que, para escolher o personagem que irá se apresentar, eles precisarão jogar dois dados.

Com o primeiro dado, será possível saber qual personagem vai se apresentar e, com o segundo dado, o que acontecerá na apresentação.

Se a criança demonstrar interesse, o adulto começa então a simular o show de talentos, explicando que eles estão num auditório na TV e que logo em breve começarão a entrar alguns personagens muito legais. O adulto pode pedir à criança que se sente na plateia, para assistir ao show.

O adulto começa ele mesmo jogando os dados, um de cada vez. O adulto comemora o personagem sorteado e faz suspense quanto ao que será encenado pelo personagem.

Após o sorteio e a apresentação de alguns personagens, e quando o adulto notar que a criança está se divertindo e que ela está bastante engajada na brincadeira, o adulto poderá então solicitar que a criança jogue um dos dados ou os dois dados.

Assim que a criança se levantar da plateia e jogar os dados, o adulto responderá rapidamente e com entusiasmo, encenando o personagem e a apresentação determinadas pelos dados.

Caso a criança esteja interessada na brincadeira, mas ainda não queira jogar os dados, o adulto continuará jogando-os e aproveitando o período de atenção compartilhada, comemorando o contato visual, sorrisos e gargalhadas da criança.

Se vocês estiverem usando essa brincadeira em uma sessão a três, os dois adultos podem revezar a encenação dos personagens, deixando a brincadeira mais dinâmica.

Dependendo do estágio de desenvolvimento da criança e de sua flexibilidade, vocês podem alternar entre os três as funções de jogar os dados e fazer as encenações – a própria criança poderá realizar as encenações, caso ela se mostre interessada em assumir esse papel!

Materiais sugeridos:

Durante a atividade lúdica para crianças com autismo podem ser utilizadas vestimentas e acessórios que ajudem a caracterizar os personagens. As vestimentas e acessórios podem ser colocadas na prateleira. Já os dois dados podem ser confeccionados, por exemplo, com caixas de sapato.

Variações:

Podemos ajustar o grau do desafio desta atividade lúdica para crianças com autismo, pedindo que a criança, além de jogar os dados, aponte objetos na prateleira que poderão ser usados na apresentação do personagem da vez. A criança pode ainda ajudar o personagem a se preparar, vestindo os apetrechos que vocês escolherem na prateleira. Caso a criança mostre-se interessada e queira participar da apresentação do personagem, para incrementar a flexibilidade, você poderá criar cartões que seriam retirados de um envelope para saber quem será a plateia, o personagem ou o apresentador da vez.

Para ajudar a criança a manter-se motivada durante a interação e prolongar o tempo de duração da atividade, podemos inserir em alguns ciclos pequenas variações na ação motivadora, por exemplo, você poderá introduzir um terceiro dado, para determinar a forma como a apresentação deverá ser encenada pelo personagem: por exemplo, lenta, rápida, engraçada, triste, silenciosa, barulhenta (você não precisa solicitar à criança que jogue esse terceiro dado, mas se aproveitar dele para tornar a apresentação mais engraçada e curiosa). Se vocês estiverem em uma sessão a três, duas pessoas podem encenar ao mesmo tempo dois personagens, que podem estar atuando juntos de forma interativa no palco.

Caso a criança não se interesse pelos personagens do dado, podemos manter a atividade original e modificar os personagens de acordo com os interesses da criança no momento. Você poderá representar animais ou quaisquer outros personagens.

Se a criança se interessa pelo show de talentos e pelos personagens, mas desejamos trabalhar uma meta diferente, como a imitação, podemos manter a brincadeira, mas modificar o papel da criança na atividade. Ao invés de solicitarmos que ela jogue os dados, podemos pedir que ela imite paralelamente a nossa apresentação (por exemplo, em frente ao espelho). Podemos trabalhar também a comunicação, pedindo que a criança diga o nome do personagem que vai se apresentar ou, dependendo do estágio de desenvolvimento de sua comunicação, avise à plateia imaginária ou formada por bonecos que a tal personagem fará uma apresentação de tal coisa.

Se nossa criança mostrar-se envolvida com os personagens, mas não se interessar pelas apresentações feitas pelo adulto, podemos manter a mesma estrutura da brincadeira, e oferecer uma ação motivadora diferente, como por exemplo, o personagem sorteado no primeiro dado fazer cócegas, massagem/carinho na criança ou brincar de pega-pega com ela, que seriam as ações do segundo dado.

Participe de nosso blog e troque ideias com a gente.

Gostou dessa atividade? Já experimentou alguma brincadeira parecida? Queremos conhecer a sua opinião! Deixe a sua dica para outras pessoas nos comentários. Você pode também compartilhar essa atividade (no Facebook, por exemplo) clicando nos ícones abaixo.

Como eu posso ajudar o meu filho a completar uma tarefa que é difícil para ele, como vestir-se sozinho?

Podemos começar buscando encontrar um forte e prazeroso motivo para o seu filho querer fazer algo que é um desafio para ele, como vestir-se sozinho. Pense em personagens, músicas e brincadeiras que seu filho gosta e em como usá-las para motivá-lo a realizar a tarefa. Por exemplo, se seu filho gosta do “Bob, o Construtor”, cada vez que ele terminar de vestir a roupa, ou a cada passo realizado para vestir uma peça de roupa, você pode cantar um trecho da música do “Bob, o Construtor” que ele gosta: “Bob, o Construtor/ Podemos consertar/ Bob, o Construtor/ Podemos sim!”. Você também poderia fazer bolhas de sabão, ou um pouco de cócegas, ou ainda massagem em seu filho a cada peça de roupa vestida para motivá-lo durante o processo.

Eu também quebraria a tarefa em pequenas etapas/passos, pedindo para ele fazer somente o último passo da tarefa para que a ação fosse menos intimidadora e para que ele, ao completar o último passo da tarefa, sentisse imediatamente que havia sido bem-sucedido em completar sua tarefa. Por exemplo, podemos começar ajudando-o a vestir uma calça de elástico, uma sandália de velcro e uma camiseta sem botões. Podemos ajudá-lo a passar a cabeça pelo buraco da camiseta e a encontrar as saídas para os braços, convidando-o a finalizar a colocação da camiseta puxando-a para baixo. Cada vez que ele fizesse essa ação de puxar a camiseta, você comemoraria e ofereceria uma ação motivadora como nos exemplos descritos acima (“Bob, o Construtor”, cócegas, etc). Quando ele estivesse consistentemente fazendo este último passo para completar a tarefa de vestir a camiseta, eu pediria que ele passasse a fazer o penúltimo e então o antepenúltimo passo da tarefa. Ou seja, quando ele estivesse puxando a camiseta sozinho, eu pediria para ele tentar colocar um dos braços na manga da camiseta com cada vez menos ajuda minha, e assim por diante. No caso da calça, também o ajudaria no início a encontrar as saídas das pernas, deixando que ele finalizasse a colocação da calça de elástico puxando-a para cima.

O processo de ajudar seu filho a adquirir a habilidade de realizar um passo da tarefa por vez também pode ser feito com a sequência progressiva, pendindo-se que ele faça o primeiro passo da tarefa, e quando isso estiver adquirido, passar a pedir pelo primeiro e o segundo passo, depois o primeiro, segundo e terceiro passo, até que ele esteja se vestindo com autonomia.

Lembre-se de ser o modelo e fazer todos os passos para ele antes de pedir que ele os faça. Quebrando em pequenos passos e associando a tarefa a uma ação prazerosa e a comemorações de cada tentativa, estaríamos tornando o processo de aprendizado mais divertido e acessível para o seu filho.

Veja mais dicas de atividades de vida diária para pessoas com autismo.

O pensamento social como base para o comportamento social

Na edição atualizada e ampliada do livro “Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse”, a autora aprofunda a a discussão do tema da interação social explicando como a pessoa precisa aprender a “pensar socialmente” antes de conseguir comportar-se de acordo com as regras sociais.

Veja a seguir um trecho condensado do capítulo 8 do livro “Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse – Edição atualizada e ampliada”, de Ellen Notbohm, com a tradução de Mirtes Pinheiro.

Vamos ser honestos. Crianças com autismo ou síndrome de Asperger são consideradas “esquisitas” pela sociedade. O sofrimento que isso causa, tanto para a criança como para os pais, faz com que estes sintam uma necessidade imensa de “consertar” essa faceta do filho. Se competência social fosse uma função fisiológica, poderíamos desenvolvê-la com medicamentos, nutrição, exercícios ou fisioterapia. Se as crianças com autismo fossem curiosas, extrovertidas e tivessem motivação para aprender, poderíamos incluir inteligência social no currículo escolar.

Em geral, nossos filhos não são assim, e consciência social não é um conjunto de habilidades concretas que podem ser enumeradas. Regras básicas de boas maneiras (por favor e obrigado; use lenço de papel, e não a manga da blusa; espere a sua vez) podem e devem ser ensinadas, qualquer que seja o nível de função da criança, mas aprender a ficar à vontade entre outras pessoas no corre-corre e com as nuanças do dia a dia é infinitamente mais complexo. As habilidades sociais são o produto final de um organismo intrincado de elementos de desenvolvimento que denominamos “pensamento social”.

Assim como todos nós temos de aprender a andar antes de correr, temos de ensinar nossos filhos a “pensar socialmente” para que eles possam comportar-se de acordo com as regras sociais, com base em compreensão e intenção positiva, e não apenas por repetição mecânica ou medo das consequências. O pensamento social desafia o seu filho a incorporar contexto e perspectiva às suas ações – analisar os aspectos físicos, sociais e temporais do seu ambiente, levar em consideração os pensamentos e pontos de vista alheios; usar a imaginação compartilhada para brincar com um amigo; e compreender que os outros têm pensamentos e reações favoráveis ou nem tão favoráveis a ele, baseados no que ele diz e faz. O pensamento social é a fonte da qual se originam os nossos comportamentos sociais, e essa inteligência socioemocional pode desempenhar um papel mais importante no sucesso do seu filho no longo prazo do que a inteligência cognitiva.

O primeiro passo para ensinar uma criança com autismo a pensar socialmente consiste em deixar de lado qualquer pressuposição de que ela será capaz de adquirir sensibilidade social simplesmente ao observar pessoas que têm habilidades sociais, ou de que, de alguma maneira, um dia ela vai superar a sua inabilidade social. Até agora, o nosso sistema educacional tem baseado seus padrões curriculares na pressuposição incorreta de que todas as crianças nascem com o “cérebro social” intacto, ou seja, as áreas do cérebro responsáveis pelo processamento de informações sociais, e também num suposto desenvolvimento progressivo das habilidades sociais. Não faz sentido, e é totalmente injusto para com a criança, reagir às suas gafes sociais com base em tais pressuposições e, depois, culpar seu autismo quando nossas tentativas de ensiná-la não surtirem efeito. O que nossos filhos precisam é que mudemos nossa postura e comecemos a construir a percepção social deles em suas raízes.

Quando dizemos que queremos que nosso filho aprenda habilidades sociais, na verdade estamos almejando algo mais grandioso. Queremos que ele seja capaz de se ajustar ao mundo que o cerca, que seja independente na escola, no bairro, no trabalho e em seus relacionamentos pessoais. Mais do que seguir um livro de regras, ser social é um estado de ser confiante que se desenvolve quando as habilidades de pensamento social são cuidadosamente cultivadas, desde que a criança é pequenininha:

  • Tomada de perspectiva: ser capaz de enxergar e vivenciar o mundo com base em outros pontos de vista, e não no próprio ponto de vista, e de encarar essas diferentes perspectivas como oportunidades para aprender e crescer.
  • Flexibilidade: ser capaz de lidar com mudanças imprevistas na rotina e nas expectativas, conseguir reconhecer que os erros não são um resultado final, mas sim parte do aprendizado e do crescimento e que as decepções são uma questão de grau.
  • Curiosidade: despertar motivação para pensar no “porquê” das coisas – por que alguma coisa existe, por que sua existência é importante, por que outros se sentem da maneira como se sentem e como isso nos afeta e nos interessa.
  • Autoestima: acreditar nas próprias habilidades para se arriscar a tentar novas coisas, ter respeito e amor-próprio para conseguir compreender que os atos e comentários cruéis e irrefletidos por parte de outras pessoas dizem mais sobre elas mesmas do que sobre você.
  • Visão abrangente: entender que pensamento social e consciência social são parte de tudo o que fazemos, quer estejamos ou não interagindo com outras pessoas. Nós lemos histórias e tentamos imaginar a motivação das personagens e prever o que elas farão em seguida. Repassamos mentalmente algumas situações, imaginando se agimos ou não de forma apropriada em determinada ocasião. O seu filho pode lhe dizer: “Eu não ligo para esse negócio de socializar, sou feliz sozinho”. Talvez ele esteja sendo sincero naquele momento, e muita gente realmente prefere a solidão à socialização. Mas também é verdade que algumas crianças adotam uma atitude de displicência para não sofrer, pois elas realmente se importam, mas não têm o conhecimento, as habilidades e o apoio necessários para superar suas barreiras sociais e, dessa maneira, conseguir alcançar suas metas e realizar seus sonhos.
  • Comunicação: compreender que nós nos comunicamos mesmo quando não estamos falando. Michelle Garcia Winner (2008), que cunhou o termo “pensamento social” e é considerada uma das principais vozes nessa área, descreve quatro etapas da comunicação que se desenrolam numa sequência linear, em milissegundos, em geral inconscientemente:
    1. Nós pensamos a respeito dos pensamentos e sentimentos das outras pessoas, bem como dos nossos próprios.
    2. Estabelecemos uma presença física para que as outras pessoas compreendam a nossa intenção de nos comunicar.
    3. Monitoramos com o olhar como as pessoas estão se sentindo, agindo e reagindo ao que está acontecendo entre nós.
    4. Usamos a linguagem para nos relacionar com os outros.

Você reparou que a linguagem só entra na equação da comunicação como uma última etapa? No entanto, é essa etapa que nós, pais e professores, costumamos enfatizar. Se você ensinar apenas a quarta etapa, sem as outras três, deixará seu filho ou aluno mal-equipado, vulnerável e correndo um grande risco de ser menos eficaz e menos bem-sucedido em sua comunicação social.

Tratar a criança como se ela fosse igual aos seus colegas da mesma idade e com desenvolvimento típico, sem um ensino direto e concreto dos conceitos sociais, não vai produzir habilidades de pensamento social. Sem esse ensinamento direto, seu filho chegará à idade adulta com os mesmos problemas de comunicação social. Ensinar seu filho a pensar socialmente e ser sociável consiste em um mosaico de milhares e milhares de pequeninas oportunidades de aprendizado e embates que, devidamente canalizados, se fundirão numa base de autoconfiança. É preciso que você, na qualidade de pai ou mãe, professor ou guia, seja socialmente consciente 110% do tempo, que decomponha a rede de complexidades sociais e lhe ensine as nuanças sociais que ele tem tanta dificuldade de perceber.

“Com um passo de cada vez, chega-se ao topo da montanha”, diz o velho adágio. Um dos livros infantis favoritos do meu filho Connor contava a história de Sir Edmund Hillary e seu guia xerpa, Tenzing Norgay, os primeiros alpinistas a chegarem ao topo do monte Everest. Nós conversamos sobre a controvérsia levantada ao longo dos anos de que um deles teve de colocar o pé no topo da montanha primeiro. Em meio à especulação de que Tenzing chegou ao topo um ou dois passos à frente de Sir Edmund Hillary, que era mais famoso, Jamling, filho de Tenzing, falou à revista Forbes em 2001: “Eu perguntei isso a ele, que disse: ‘Isso não é importante, Jamling. Nós escalamos a montanha como uma equipe’.” Assim como Hillary, seu filho está fazendo sua primeira escalada. Seja seu xerpa, ajude-o a perceber que a vista ao longo do caminho pode ser espetacular.

Baixe aqui o eBook gratuito com o trecho condensado do livro das Dez Coisas.

Rolar para cima

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 17 a 20 de setembro

Investimento por participante:
1º lote: R$1428 até o dia 10/07/20 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 10/08/20 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 08/09/20 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 08 de setembro de 2020 (terça-feira).

Descontos em mais de um curso: Quem se inscrever em 2 cursos, também tem o desconto de 5% somado ao desconto por prazo de inscrição. Quem se inscrever em 3 ou mais cursos tem o desconto de 10% somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral dos cursos. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras.

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 24 a 27 de março

1º lote: R$1428 até o dia 17/12/21 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 15/02/22 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 15/03/22 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 15 de março de 2022 (terça-feira).

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.