fevereiro 2014 | Inspirados pelo Autismo

Mês: fevereiro 2014

Como eu posso ajudar o meu filho a completar uma tarefa que é difícil para ele, como vestir-se sozinho?

Podemos começar buscando encontrar um forte e prazeroso motivo para o seu filho querer fazer algo que é um desafio para ele, como vestir-se sozinho. Pense em personagens, músicas e brincadeiras que seu filho gosta e em como usá-las para motivá-lo a realizar a tarefa. Por exemplo, se seu filho gosta do “Bob, o Construtor”, cada vez que ele terminar de vestir a roupa, ou a cada passo realizado para vestir uma peça de roupa, você pode cantar um trecho da música do “Bob, o Construtor” que ele gosta: “Bob, o Construtor/ Podemos consertar/ Bob, o Construtor/ Podemos sim!”. Você também poderia fazer bolhas de sabão, ou um pouco de cócegas, ou ainda massagem em seu filho a cada peça de roupa vestida para motivá-lo durante o processo.

Eu também quebraria a tarefa em pequenas etapas/passos, pedindo para ele fazer somente o último passo da tarefa para que a ação fosse menos intimidadora e para que ele, ao completar o último passo da tarefa, sentisse imediatamente que havia sido bem-sucedido em completar sua tarefa. Por exemplo, podemos começar ajudando-o a vestir uma calça de elástico, uma sandália de velcro e uma camiseta sem botões. Podemos ajudá-lo a passar a cabeça pelo buraco da camiseta e a encontrar as saídas para os braços, convidando-o a finalizar a colocação da camiseta puxando-a para baixo. Cada vez que ele fizesse essa ação de puxar a camiseta, você comemoraria e ofereceria uma ação motivadora como nos exemplos descritos acima (“Bob, o Construtor”, cócegas, etc). Quando ele estivesse consistentemente fazendo este último passo para completar a tarefa de vestir a camiseta, eu pediria que ele passasse a fazer o penúltimo e então o antepenúltimo passo da tarefa. Ou seja, quando ele estivesse puxando a camiseta sozinho, eu pediria para ele tentar colocar um dos braços na manga da camiseta com cada vez menos ajuda minha, e assim por diante. No caso da calça, também o ajudaria no início a encontrar as saídas das pernas, deixando que ele finalizasse a colocação da calça de elástico puxando-a para cima.

O processo de ajudar seu filho a adquirir a habilidade de realizar um passo da tarefa por vez também pode ser feito com a sequência progressiva, pendindo-se que ele faça o primeiro passo da tarefa, e quando isso estiver adquirido, passar a pedir pelo primeiro e o segundo passo, depois o primeiro, segundo e terceiro passo, até que ele esteja se vestindo com autonomia.

Lembre-se de ser o modelo e fazer todos os passos para ele antes de pedir que ele os faça. Quebrando em pequenos passos e associando a tarefa a uma ação prazerosa e a comemorações de cada tentativa, estaríamos tornando o processo de aprendizado mais divertido e acessível para o seu filho.

Veja mais dicas de atividades de vida diária para pessoas com autismo.

O pensamento social como base para o comportamento social

Na edição atualizada e ampliada do livro “Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse”, a autora aprofunda a a discussão do tema da interação social explicando como a pessoa precisa aprender a “pensar socialmente” antes de conseguir comportar-se de acordo com as regras sociais.

Veja a seguir um trecho condensado do capítulo 8 do livro “Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse – Edição atualizada e ampliada”, de Ellen Notbohm, com a tradução de Mirtes Pinheiro.

Vamos ser honestos. Crianças com autismo ou síndrome de Asperger são consideradas “esquisitas” pela sociedade. O sofrimento que isso causa, tanto para a criança como para os pais, faz com que estes sintam uma necessidade imensa de “consertar” essa faceta do filho. Se competência social fosse uma função fisiológica, poderíamos desenvolvê-la com medicamentos, nutrição, exercícios ou fisioterapia. Se as crianças com autismo fossem curiosas, extrovertidas e tivessem motivação para aprender, poderíamos incluir inteligência social no currículo escolar.

Em geral, nossos filhos não são assim, e consciência social não é um conjunto de habilidades concretas que podem ser enumeradas. Regras básicas de boas maneiras (por favor e obrigado; use lenço de papel, e não a manga da blusa; espere a sua vez) podem e devem ser ensinadas, qualquer que seja o nível de função da criança, mas aprender a ficar à vontade entre outras pessoas no corre-corre e com as nuanças do dia a dia é infinitamente mais complexo. As habilidades sociais são o produto final de um organismo intrincado de elementos de desenvolvimento que denominamos “pensamento social”.

Assim como todos nós temos de aprender a andar antes de correr, temos de ensinar nossos filhos a “pensar socialmente” para que eles possam comportar-se de acordo com as regras sociais, com base em compreensão e intenção positiva, e não apenas por repetição mecânica ou medo das consequências. O pensamento social desafia o seu filho a incorporar contexto e perspectiva às suas ações – analisar os aspectos físicos, sociais e temporais do seu ambiente, levar em consideração os pensamentos e pontos de vista alheios; usar a imaginação compartilhada para brincar com um amigo; e compreender que os outros têm pensamentos e reações favoráveis ou nem tão favoráveis a ele, baseados no que ele diz e faz. O pensamento social é a fonte da qual se originam os nossos comportamentos sociais, e essa inteligência socioemocional pode desempenhar um papel mais importante no sucesso do seu filho no longo prazo do que a inteligência cognitiva.

O primeiro passo para ensinar uma criança com autismo a pensar socialmente consiste em deixar de lado qualquer pressuposição de que ela será capaz de adquirir sensibilidade social simplesmente ao observar pessoas que têm habilidades sociais, ou de que, de alguma maneira, um dia ela vai superar a sua inabilidade social. Até agora, o nosso sistema educacional tem baseado seus padrões curriculares na pressuposição incorreta de que todas as crianças nascem com o “cérebro social” intacto, ou seja, as áreas do cérebro responsáveis pelo processamento de informações sociais, e também num suposto desenvolvimento progressivo das habilidades sociais. Não faz sentido, e é totalmente injusto para com a criança, reagir às suas gafes sociais com base em tais pressuposições e, depois, culpar seu autismo quando nossas tentativas de ensiná-la não surtirem efeito. O que nossos filhos precisam é que mudemos nossa postura e comecemos a construir a percepção social deles em suas raízes.

Quando dizemos que queremos que nosso filho aprenda habilidades sociais, na verdade estamos almejando algo mais grandioso. Queremos que ele seja capaz de se ajustar ao mundo que o cerca, que seja independente na escola, no bairro, no trabalho e em seus relacionamentos pessoais. Mais do que seguir um livro de regras, ser social é um estado de ser confiante que se desenvolve quando as habilidades de pensamento social são cuidadosamente cultivadas, desde que a criança é pequenininha:

  • Tomada de perspectiva: ser capaz de enxergar e vivenciar o mundo com base em outros pontos de vista, e não no próprio ponto de vista, e de encarar essas diferentes perspectivas como oportunidades para aprender e crescer.
  • Flexibilidade: ser capaz de lidar com mudanças imprevistas na rotina e nas expectativas, conseguir reconhecer que os erros não são um resultado final, mas sim parte do aprendizado e do crescimento e que as decepções são uma questão de grau.
  • Curiosidade: despertar motivação para pensar no “porquê” das coisas – por que alguma coisa existe, por que sua existência é importante, por que outros se sentem da maneira como se sentem e como isso nos afeta e nos interessa.
  • Autoestima: acreditar nas próprias habilidades para se arriscar a tentar novas coisas, ter respeito e amor-próprio para conseguir compreender que os atos e comentários cruéis e irrefletidos por parte de outras pessoas dizem mais sobre elas mesmas do que sobre você.
  • Visão abrangente: entender que pensamento social e consciência social são parte de tudo o que fazemos, quer estejamos ou não interagindo com outras pessoas. Nós lemos histórias e tentamos imaginar a motivação das personagens e prever o que elas farão em seguida. Repassamos mentalmente algumas situações, imaginando se agimos ou não de forma apropriada em determinada ocasião. O seu filho pode lhe dizer: “Eu não ligo para esse negócio de socializar, sou feliz sozinho”. Talvez ele esteja sendo sincero naquele momento, e muita gente realmente prefere a solidão à socialização. Mas também é verdade que algumas crianças adotam uma atitude de displicência para não sofrer, pois elas realmente se importam, mas não têm o conhecimento, as habilidades e o apoio necessários para superar suas barreiras sociais e, dessa maneira, conseguir alcançar suas metas e realizar seus sonhos.
  • Comunicação: compreender que nós nos comunicamos mesmo quando não estamos falando. Michelle Garcia Winner (2008), que cunhou o termo “pensamento social” e é considerada uma das principais vozes nessa área, descreve quatro etapas da comunicação que se desenrolam numa sequência linear, em milissegundos, em geral inconscientemente:
    1. Nós pensamos a respeito dos pensamentos e sentimentos das outras pessoas, bem como dos nossos próprios.
    2. Estabelecemos uma presença física para que as outras pessoas compreendam a nossa intenção de nos comunicar.
    3. Monitoramos com o olhar como as pessoas estão se sentindo, agindo e reagindo ao que está acontecendo entre nós.
    4. Usamos a linguagem para nos relacionar com os outros.

Você reparou que a linguagem só entra na equação da comunicação como uma última etapa? No entanto, é essa etapa que nós, pais e professores, costumamos enfatizar. Se você ensinar apenas a quarta etapa, sem as outras três, deixará seu filho ou aluno mal-equipado, vulnerável e correndo um grande risco de ser menos eficaz e menos bem-sucedido em sua comunicação social.

Tratar a criança como se ela fosse igual aos seus colegas da mesma idade e com desenvolvimento típico, sem um ensino direto e concreto dos conceitos sociais, não vai produzir habilidades de pensamento social. Sem esse ensinamento direto, seu filho chegará à idade adulta com os mesmos problemas de comunicação social. Ensinar seu filho a pensar socialmente e ser sociável consiste em um mosaico de milhares e milhares de pequeninas oportunidades de aprendizado e embates que, devidamente canalizados, se fundirão numa base de autoconfiança. É preciso que você, na qualidade de pai ou mãe, professor ou guia, seja socialmente consciente 110% do tempo, que decomponha a rede de complexidades sociais e lhe ensine as nuanças sociais que ele tem tanta dificuldade de perceber.

“Com um passo de cada vez, chega-se ao topo da montanha”, diz o velho adágio. Um dos livros infantis favoritos do meu filho Connor contava a história de Sir Edmund Hillary e seu guia xerpa, Tenzing Norgay, os primeiros alpinistas a chegarem ao topo do monte Everest. Nós conversamos sobre a controvérsia levantada ao longo dos anos de que um deles teve de colocar o pé no topo da montanha primeiro. Em meio à especulação de que Tenzing chegou ao topo um ou dois passos à frente de Sir Edmund Hillary, que era mais famoso, Jamling, filho de Tenzing, falou à revista Forbes em 2001: “Eu perguntei isso a ele, que disse: ‘Isso não é importante, Jamling. Nós escalamos a montanha como uma equipe’.” Assim como Hillary, seu filho está fazendo sua primeira escalada. Seja seu xerpa, ajude-o a perceber que a vista ao longo do caminho pode ser espetacular.

Baixe aqui o eBook gratuito com o trecho condensado do livro das Dez Coisas.

Dicas para festas para crianças com autismo: o dia da festa

Depois de toda a preparação para a festa, finalmente chegou o grande dia. (Veja nossa página sobre a antecipação e a preparação para festas para crianças com autismo.)

Você poderá criar um quadro visual do dia da festa, com todos os acontecimentos. Por exemplo, você poderá usar imagens da criança tomando banho, colocando a roupa já escolhida, entrando no carro e chegando ao local da festa. Você poderá acrescentar que vocês encontrarão os amigos, tios, primos e avós, que comerão coisas gostosas e que abrirão os presentes (caso a festa em questão seja o aniversário da pessoa com autismo ou o Natal). Use fotos e desenhos que facilitem a compreensão dos episódios.

Sabemos que muitas pessoas com autismo têm diferentes padrões de sensibilidade sensorial, então, lembre-se destas sensibilidades e busque adaptar o máximo quanto possível o ambiente da festa. Tem algum alimento cujo odor ou textura incomoda a criança? Como serão os ruídos? Se for possível, deixe estabelecido um espaço ninho (ou seja, um cômodo na casa onde ocorrerá a festa) que poderá conter menos estímulos sensoriais e ser usado para que a criança descanse ou se acalme, se ela precisar. Você pode levar alguns objetos de conforto, como brinquedos ou quaisquer outras coisas de que a sua criança goste e alocá-los nesse espaço, para que ela tenha um ambiente alternativo ao da festa. A ideia não é que a pessoa com autismo deixe de participar da festividade, mas sabemos que a rotina dela estará alterada e o que o ambiente estará repleto de novos estímulos, então, queremos que ela se sinta segura e confortável sabendo que terá um espaço mais tranquilo, se precisar dele.

Caso a sua criança esteja fazendo uma dieta ou tenha restrições alimentares, uma ideia é preparar cuidadosamente os seus alimentos e tê-los à mão na hora da festa. Você poderá escolher as receitas que a sua criança mais gosta ou tentar preparar seus alimentos de forma que eles se pareçam com os quem serão servidos para o resto da família: todo mundo estará aproveitando a parte gastronômica das festividades e não queremos que a pessoa com autismo fique de fora!

Se você sabe que, mesmo preparando os alimentos de sua criança para que sejam muito similares em aparência e sabor em relação aos outros que serão oferecidos na festa, ela provavelmente tentará experimentar os alimentos que não pode ingerir, neste caso procure alimentar sua criança antes de ir à festa ou antes da hora da refeição da família. Alguns pais de crianças com autismo utilizam a alternativa de sediar as festividades de sua família de forma a ter mais controle em relação ao ambiente físico, ao número de pessoas convidadas e à própria comida que será servida.

Procure tornar as festividades uma experiência menos desafiadora para você e para sua criança. Ao invés de forçar a criança a usar uma roupa nova que ela não quer vestir, permita que ela escolha a roupa, mesmo que seja a mesma roupa que ela tem usado regularmente há meses! O conforto de sua criança é mais importante do que o que os outros vão pensar sobre a vestimenta dela na festa. Quanto mais confortável a criança estiver, mais calma ela poderá ficar para lidar com os desafios das festas e para participar da diversão.

Lembre-se de apreciar e comemorar comportamentos e iniciativas positivas de sua criança, adolescente e adulto! Não deixe que o foco esteja apenas em conter eventuais comportamentos inadequados e valorize os talentos e as habilidades que a pessoa com autismo demonstrar!

Festeje!

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Dicas para festas para pessoas com autismo: antecipação e preparação

Uma das dificuldades enfrentadas por pessoas dentro do espectro de autismo é lidar com os imprevistos das festas de familiares, de amigos ou de seus próprios aniversários. Segue abaixo algumas dicas para festas para pessoas com autismo.

Para que a pessoa com autismo possa se preparar para festas, você poderá lhe mostrar um calendário e contar os dias até a festividade. Mostre quantas semanas ou dias faltam, explique onde, quando e com quem vocês estarão, e use elementos visuais para rememorar a ocasião. Você poderá usar figuras de revistas ou da internet, mostrar fotos de outras festas ou colocar músicas que lembrem festas anteriores.

Explique à pessoa com autismo quais as diferenças entre as festividades anteriores e a prevista para esse ano, para que ela não espere encontrar exatamente a mesma comemoração (local, rota, presentes, comidas e pessoas podem variar de uma festa para outro, certo?).

Transmita empolgação e confiança em relação aos eventos e explique que eles são momentos especiais para estar junto da família e dos amigos!

Repita essa antecipação com frequência, para que a pessoa com autismo esteja preparada.

Na véspera da festa, vocês poderão tornar a proximidade do evento mais concreta, e a pessoa com autismo poderá lhe ajudar a escolher os enfeites, as roupas e o presente. Em vez de enfeites mais frágeis e outros adornos que exigirão muitos cuidados, você poderá optar por objetos alternativos, feitos de plástico ou materiais mais resistentes.

Os preparativos poderão tornar-se até uma atividade divertida entre vocês. Pense em coisas que a pessoa com autismo gosta de fazer e veja como encaixar isso numa atividade relacionada à festa. Por exemplo, se a sua criança gosta de desenhar, ela pode confeccionar desenhos para os familiares, que podem ser dobrados, enrolados com fitas e dados de presente. Confeccionar e preparar as lembrancinhas pode ser uma maneira interessante de incentivar a socialização com os outros membros da família: use a simplicidade e abuse da criatividade, lembrando que a experiência será válida se envolver alguma coisa que a pessoa realmente goste de fazer.

Se a criança gosta de determinados personagens, vocês poderão usá-los como parte da decoração, ou você poderá vestir-se como o personagem que, junto com a criança, tem a missão de arrumar a casa para a chegada dos amigos e outros familiares.

Vocês também poderão escolher juntos uma roupa motivadora e confortável e já deixá-la separada, para que a criança, adolescente ou adulto saiba que o dia está de fato chegando.

Em algumas festas temos os fogos de artifício. Para que a pessoa com autismo fique mais tranquila frente a este estímulo, você poderá prepará-la, explicando o motivo e o momento em que as pessoas soltam fogos e mostrando imagens ou vídeos de fogos e festas de Réveillon no Youtube (sem o áudio ou com o volume bem baixo, caso a criança já tenha receio quanto ao barulho). No dia da festa, vocês poderão pensar em usar um grande fone de ouvido, daqueles que cobrem toda a orelha e escolher uma música que a criança goste para colocar durante os fogos. Vocês poderão buscar também um local mais isolado para os minutos de foguetório. Esse local pode ser um cômodo mais protegido da casa ou mesmo o carro da família que, com os vidros fechados, dentro da garagem, poderá abafar os ruídos externos. Caso a criança goste de alguma dessas ideias, deixe tudo previamente explicado para ela, pois isso pode tranquilizá-la!

Troque mensagens e converse previamente com sua família, amigos e com os demais convidados da festa. Enalteça as conquistas e desenvolvimentos recentes de sua criança e explique os atuais desafios. Isso pode ser importante para o dia da festa, pois vocês saberão enquanto grupo o que fazer para prevenir ou lidar com determinadas situações.

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Veja nossa página sobre dicas para festas para pessoas com autismo: o dia da festa.

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Entrevista com Ellen Notbohm, autora do livro Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse – Parte 3

(Veja Parte 1 e 2 da Entrevista com Ellen Notbohm, autora do livro Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse)

Que questões você recomenda que os pais façam aos médicos de seus filhos antes de medicá-los?

A recomendação de um médico para que a criança utilize um medicamento é apenas o primeiro passo no processo de decisão de se medicar uma criança, qualquer criança, por qualquer motivo. É responsabilidade dos pais perguntar as dezenas de questões necessárias para se compreender e avaliar o propósito, os possíveis benefícios, os possíveis efeitos colaterais ou os riscos de um medicamento sugerido. O medicamento foi testado em crianças, e qual a frequência em que ele tem sido prescrito para crianças? De que maneira você espera que o medicamento ajude minha criança em particular (não apenas crianças em geral)? O que os pesquisadores sabem sobre a eficácia desse medicamento para pacientes com autismo ou síndrome de Asperger? Quanto tempo leva para vermos resultados positivos? Quais são os efeitos colaterais mais comuns? Quais são os efeitos colaterais menos comuns e/ou possivelmente mais graves? Por quanto tempo o medicamento permanece no corpo? Essa medicação apresenta alguma interação desfavorável com algum alimento específico ou com outros medicamentos? Como você vai avaliar a evolução de minha criança e com qual frequência? Onde nós podemos ler avaliações objetivas do medicamento escritas por fontes independentes do laboratório que o produz? Há outros medicamentos para o mesmo propósito? Por que você recomenda esse medicamento ao invés dos outros?

Veja a lista completa de 38 perguntas de Ellen para os médicos no artigo em inglês de seu site.

Como podemos preparar nossas crianças para se tornarem adultos independentes, produtivos e bem-sucedidos em nossa sociedade?

A preparação de nossas crianças para uma vida adulta independente e produtiva é um processo longo, com várias etapas, que requer paciência, persistência, senso comum e criatividade. Deveríamos começar a ensinar as habilidades de independência apropriadas a cada idade desde a primeira infância. Com frequência, nos acostumamos a tomar decisões por nossas crianças e a fazer suas tarefas por elas porque conseguimos completar as tarefas com maior rapidez ou porque temos pena de nossas crianças que vivem com autismo, porque nossas expectativas em relação a elas são muito baixas, ou ainda porque elas não conseguem fazer “direito”. Mas se você sempre ditar o que ela deverá vestir ou como deverá arrumar sua mochila, se sempre encontrar para ela a tarefa escolar perdida, arrumar sua cama ou fizer seu sanduíche, lavar sua louça, suas roupas e seu cachorro, como ela poderá um dia aprender a fazer sozinha? Se você espera dela a incompetência, é isso que vai acontecer. Acredite que ela pode aprender, e ela aprenderá.

Ensinar as habilidades para uma vida independente através de estágios assemelha-se a isto:

Criança na fase pré-escolar: tarefas que podem ser divertidas, tais como alimentar o animal de estimação ou parear as meias. Tarefas que ganham importância quando recebem um nome divertido, por exemplo, servir a comida do jantar é brincar de ser o garçom, fazer pequenas tarefas na cozinha é brincar de ser o cozinheiro ou o “chef”. Ilustre as tarefas em um quadro de rotina visual para que ele possa consultar sempre que precisar.

Criança na fase do ensino fundamental: habilidades para a vida independente com múltiplas etapas, tais como a separar e dobrar as roupas lavadas, escolher e preparar lanches com mais de um ingrediente. Desenvolver as habilidades para lidar com dinheiro, ter uma conta-poupança no banco e contribuir com uma porção determinada da mesada.

Pré-adolescente: operar a máquina de lavar e de secar roupas, lavar a louça, limpar o banheiro (começar com uma pequena tarefa por vez), ajudar o pai ou mãe a fazer compras no mercado, aprender a localizar suas comidas prediletas e pagar com notas ou moedas de dinheiro, conseguir ficar em casa sozinho em segurança.

Adolescente: preparar uma refeição equilibrada, utilizar o transporte público e/ou dirigir um veículo, tomar seus remédios sozinho e lembrar das consultas agendadas com os médicos, cuidar de sua saúde em geral, fazer trabalhos voluntários na comunidade, votar, utilizar um cartão de débito ou crédito.

Um dos erros mais graves que um pai ou mãe pode cometer é presumir que nossas escolas ensinarão aos nossos filhos tudo que eles precisarão aprender para se tornar adultos capazes. As crianças ficam nas escolas por um número limitado de horas a cada dia, e um número limitado de dias por ano. No resto do tempo, a responsabilidade é dos pais para ajudá-los a aprender a maioria das habilidades de vida diária. Independentemente da idade da criança, a atitude dos pais influenciará o resultado do aprendizado. Dicas para nutrir uma atitude que assegure à criança as melhores chances de sucesso podem ser encontradas em meu artigo “Guiando sua Criança com Autismo para a Vida Adulta”, em inglês em meu site: http://www.ellennotbohm.com/journey-to-independence-guiding-your-child-with-autism-to-adulthood/.

Leia mais sobre a entrevista traduzida com Ellen Notbohm, autora do livro Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse:

Parte 1

Parte 2

Leia um trecho do livro sobre como a pessoa precisa aprender a “pensar socialmente” antes de conseguir comportar-se de acordo com as regras sociais.

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Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 17 a 20 de setembro

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2º lote: R$1512 até o dia 10/08/20 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 08/09/20 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 08 de setembro de 2020 (terça-feira).

Descontos em mais de um curso: Quem se inscrever em 2 cursos, também tem o desconto de 5% somado ao desconto por prazo de inscrição. Quem se inscrever em 3 ou mais cursos tem o desconto de 10% somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral dos cursos. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras.

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 24 a 27 de março

1º lote: R$1428 até o dia 17/12/21 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 15/02/22 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 15/03/22 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 15 de março de 2022 (terça-feira).

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.