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Adulto com autismo

Diagnosticado com autismo aos 31 anos, rapaz escreve detalhado e emocionante relato sobre sua trajetória e compartilha informações valiosas sobre o autismo

Adulto com autismoÉ possível que alguém viva por muitos anos com características do espectro do autismo sem receber um diagnóstico? A história escrita por Guillaume Paumier sobre a sua própria trajetória mostra que sim.

Mais do que mostrar que o autismo pode ser diagnosticado em pessoas adultas, o emocionante relato de Guillaume é uma rica oportunidade de conhecer mais de perto suas percepções, desafios, sensações, emoções e sentimentos.

O detalhado e elaborado relato de Guillaume aborda temas importantes para a compreensão do autismo, como a função da Teoria da Mente e o papel dos neurônios-espelho para as interações sociais. O relato traz à tona o debate em torno de concepções e ideias usualmente difundidas sobre o universo das pessoas com autismo, sob o ponto de vista de Guillaume.

Resgatando cenas marcantes de sua vida, desde a infância e a relação com a escola até o seu momento atual, das relações pessoais ao mundo do trabalho, Guillaume nos leva para bem perto de seu cotidiano e, assim, nos oferece a oportunidade de repensarmos nossas posturas e atitudes frente às pessoas com características do espectro do autismo.

Veja abaixo alguns trechos retirados do blog de Guillaume e acesse a versão em português de seu relato para continuar lendo o texto de autoria de Guillaume:

“Como poderá imaginar, descobrir que você está no espectro autista aos 31 anos muda a sua percepção completamente; de repente tudo começa a fazer sentido. Eu aprendi muito nestes dois últimos anos, e essa metacognição aumentada me possibilitou observar eventos passados através de uma nova lente.”

“Logo que eu me mudei para os EUA, toda vez que alguém me perguntava “How are you?”, eu fazia uma pausa para pensar sobre a questão. Agora eu já entendi que é somente uma saudação, não exatamente uma pergunta, e praticamente já digo de modo automático “Bem, e você?”. Tardo somente alguns milissegundos para sair do modo curto-circuito e acionar o processo de resposta. Mas se as pessoas saem dessa saudação inicial, esse atalho mental deixa de funcionar. Há alguns anos, uma pessoa do escritório da Fundação Wikimedia me perguntou “Como vai o teu mundo?” e eu fiquei paralisado por alguns segundos. Para poder responder àquela pergunta meu cérebro começou a revisar tudo o que estava acontecendo no “meu mundo” (e o “meu mundo” é grande!), até que eu percebi que eu só precisava dizer “Bem, obrigado!”.”

“Pessoas neurotípicas possuem neurônios-espelho que fazem com que elas sintam o que a pessoa à sua frente está sentindo; os autistas os possuem em quantidade consideravelmente reduzida, o que faz com que eles tenham que escrutinizar os seus sinais para poder tentar entender o que você está sentindo. Mas, ainda assim, eles são pessoas que têm sentimentos.”

Agradecemos ao Guillaume pela oportunidade de divulgar em nosso blog suas valiosas percepções e experiências.

Esperamos que o relato de Guillaume inspire pessoas com autismo, pais, familiares e profissionais e tragas novas ideias e reflexões! Leia o texto completo de Guillaume e conte para gente o que você achou!

O texto de Guillaume foi traduzido por Tila Cappelletto e encontra-se acessível pelo link abaixo: https://guillaumepaumier.com/pt-br/2015/08/31/minha-vida-como-autista-e-wikipedista/

Como ajudar crianças com autismo a fazer uma viagem

Algumas crianças com características do espectro do autismo apresentam dificuldades para dormir na residência de parentes ou de amigos, ou então em hotéis durante as viagens de família nas férias. Então, como ajudar crianças com autismo a fazer uma viagem?

Como uma preparação para dormir em outros locais nas viagens, você pode tentar ajudar a sua criança com autismo a dormir esporadicamente em um quarto ou sala diferente, mas em sua própria casa, levando para o ambiente objetos relacionados ao quarto de dormir e reproduzindo as mesmas atividades da rotina de vocês na hora de dormir.

Por exemplo, cantar as mesmas canções de ninar, contar as histórias favoritas, fazer carinhos e massagens, colocar as mesmas músicas para tocar, manter uma luminosidade parecida, utilizar os lençóis, o travesseiro e os bonecos de costume.

Caso você tenha algum parente ou amigo próximo residente na sua própria cidade e visite essa pessoa com frequência, especialmente alguém com quem sua criança sinta-se confortável, o passo seguinte poderia ser a sua criança com autismo e sua família tentarem dormir na casa dessa pessoa aplicando as mesmas dicas acima.

Quando você fosse então viajar, você poderia levar objetos relacionados ao quarto ou ao momento de dormir na viagem e reproduzir as atividades da rotina de sono habitual, para que a sua criança se sentisse mais confortável e familiarizada com o ambiente.

Você poderia também explicar com apoios visuais (calendários, fotos ou vídeos) antecipadamente sobre a viagem, adotando uma postura amorosa e persistente, e acreditando na capacidade de a criança vir a compreender cada vez mais essas situações.

Procure servir como modelo social, comemorando divertidamente a chegada no novo local e mostrando que pode ser legal dormir num quarto e numa cama diferentes (você e outros membros da família podem encenar essa situação social ao chegarem no novo quarto).

Algumas crianças sentem-se mais confortáveis também se a alimentação durante a viagem mantém-se similar à alimentação oferecida em casa, então alguns pais utilizam a estratégia de carregar consigo alimentos da rotina da criança durante a viagem.

Você tem ajudado crianças com autismo a viajar? Compartilhe as suas experiências e dicas conosco! Ajude pais e profissionais a preparar as crianças com autismo para as viagens compartilhando o nosso post pelas redes sociais (basta clicar nos ícones abaixo).

Participe de um de nossos cursos sobre como promover o bem-estar e o desenvolvimento de pessoas com autismo.

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Irmãos com autismo têm mais diferenças que similaridades, aponta artigo do jornal NY Times

A maioria dos irmãos com diagnóstico de autismo não compartilha os mesmos fatores de risco genéticos e podem ser também bastante diferentes em seus comportamentos e atitudes, segundo noticia um novo estudo divulgado pelo jornal NY Times. De acordo com a publicação, estes resultados surpreenderam muitos pais e médicos.

No novo estudo, publicado pela Revista Nature Medicine, os cientistas analisaram material genético de 85 famílias que tinham duas crianças com autismo. Foi empregado um método chamado sequenciamento completo do genoma, que, diferentemente de outras metodologias, mapeia inteiramente o volume dos recipientes e verifica cada tipo biológico, qualquer “vírgula fora do lugar” ou letra transposta.

Os pesquisadores focaram suas análises em aproximadamente 100 pequenas falhas genéticas associadas ao desenvolvimento do autismo. Eles descobriram que em torno de 30% dos 85 pares de irmãos participantes do estudo compartilhavam as mesmas mutações genéticas, e cerca de 70% não. Os pares de irmãos que compartilhavam as mesmas pequenas falhas genéticas tendiam a ser mais parecidos no que se refere às habilidades sociais e hábitos do que os pares em que as pequenas falhas genéticas eram distintos.

Os resultados do novo estudo evidenciam a grande diversidade existente no autismo, que pode ser presente mesmo nos indivíduos mais proximamente aparentados. Os resultados apontam ainda que os cientistas terão de analisar dezenas de milhares de outras pessoas para poderem ter em mãos dados mais consistentes sobre as bases biológicas do autismo.

Especialistas que analisaram o artigo publicado na Revista Nature Medicine encorajam mudanças na prática clínica, a partir dos resultados levantados no estudo. No exterior, alguns hospitais usam a análise do perfil genético de irmãos mais velhos com autismo para tentar entender uma nova criança com o transtorno, ou podem usar a análise do perfil genético do irmão mais velho para aconselhar os pais sobre a probabilidade de eles terem outra criança com autismo. Este procedimento pode não ser tão informativo, disseram os autores do estudo.

Para ilustrar a importância dos resultados do novo estudo, o jornal NY Times conta a história de Valerie South, uma enfermeira que vive em Toronto. Os filhos de Valerie, Cameron, de 20 anos, e Thomas, de 14 anos, têm autismo severo (em uma família de quatro ou mais, as probabilidades de existirem duas crianças com autismo é cerca de uma em 10.000). Em 1998, Valerie e seu marido consultaram médicos para saber quais os riscos de eles terem outra criança com autismo – naquela época, eles tinham Cameron e um outro filho mais velho, Mitchell, que é neurotípico. Eles foram informados que as chances de eles terem uma nova criança com autismo eram pequenas e que, se isso acontecesse, não seria um caso de autismo severo. Eles tiveram então Thomas, que têm o mesmo diagnóstico de autismo que Cameron, mas que é bem diferente do irmão em seu comportamento. A mãe conta que enquanto Thomas se dirige a estranhos, Cameron recua. Thomas ama o seu iPad, enquanto Cameron não demonstra interesse por computadores. O novo estudo provê boas justificativas biológicas para estas diferenças e pode colocar de lado previsões como as recebidas por Valerie antes de ela e seu marido terem Thomas.

“O estudo nos leva a considerar que mapeamentos genéticos podem não nos ajudar tanto a fazer previsões como pensávamos”, afirma Helen Tager-Flusberg, neurocientista do desenvolvimento na Universidade de Boston, que não esteve envolvida na produção do novo estudo.

Outros especialistas não envolvidos no estudo dizem que os resultados são importantes e convincentes. “O estudo é bem delineado e o resultado final é de alguma forma surpreendente, e reitera a complexidade dos fatores genéticos subjacentes ao autismo” diz Dr. Yong-hui Jiang, um professor associado do departamento de pediatria e neurobiologia na Universidade Escola de Medicina Duke. Para o jornal NY Times, o relatório é um dos principais resultados vindos de uma iniciativa em larga-escala financiada pelo Autism Speaks, um grupo de defesa e estudos sediado nos EUA.

Sabia mais sobre o autismo e sobre os tratamentos existentes em nosso site.

Você encontrará artigos sobre outras pesquisas recentes na área do autismo em nosso blog.

Compartilhe esse artigo com pais, familiares e profissionais através das redes sociais. Você também poderá usar os campos abaixo para deixar o seu comentário a respeito do novo artigo sobre irmãos com autismo aqui no blog.

 

Como os pais podem ajudar suas crianças com autismo

Uma reportagem publicada no site da Veja neste mês sob o título “‘Treinar’ pais de criança autista reduz sintomas do transtorno” traz resultados importantes de uma pesquisa realizada com crianças com sinais de autismo em seus primeiros anos de vida.

O estudo foi realizado nos EUA e utilizou o método Infant Start, cuja proposta seria capacitar os pais para que eles, em seu convívio diário com as crianças, possam ajudá-las a desenvolver suas habilidades de comunicação, atenção compartilhada, interação e aprendizado social.

Segundo o site da Universidade da Califórnia, onde o estudo foi conduzido, o método foi utilizado junto a crianças com 6 a 15 meses de idade, durante um período de seis meses. As sete crianças selecionadas para participar do estudo apresentaram sintomas de autismo tais como a diminuição do contato visual e do interesse ou engajamento social , padrões de movimento repetitivos e falta de comunicação intencional.

Autism treatment in the first year of life: A pilot study of Infant Start, a parent-implemented intervention for symptomatic infants“, é de co-autoria dos professores de Psiquiatria e Ciências Comportamentais da Universidade da Califórnia, em Davis, Sally J. Rogers e Sally Ozonoff e foi publicado on-line no Journal of Autism and Developmental Disorders​.

Rogers, a principal autora do estudo e desenvolvedora do método Infant Start, afirma que “a maioria das crianças do estudo, ou seja, seis das sete crianças, conseguiu alcançar todas as habilidades de aprendizagem e de linguagem quando observadas aos dois ou três anos de idade. Estas crianças praticamente não foram diagnosticadas com autismo até então”, o que demonstra a eficácia do tratamento precoce com a ajuda dos pais.

A participação fundamental dos pais, sob orientação dos profissionais

Para Rogers, os pais, após receberem o treinamento por parte da equipe de profissionais, assumiram um papel fundamental no processo, pois eles estão todos os dias com seus bebês e podem aproveitar momentos cotidianos como a troca de fraldas, a alimentação, as brincadeiras no chão, as caminhadas e as atividades de lazer para colaborarem na aprendizagem dos pequenos. Segundo Rogers, “Esses momentos, os pais podem aproveitar de uma forma que mais ninguém realmente pode”.

A importância da intervenção precoce

De acordo com as informações existentes no site da Universidade da Califórnia, as crianças diagnosticadas com autismo normalmente recebem intervenção precoce com início aos 3 ou 4 anos de idade, seis a oito vezes mais tarde do que as crianças que participaram do estudo. Mas os primeiros sintomas de autismo podem estar presentes durante o primeiro ano de vida da criança, sendo a primeira infância um momento crucial para que as crianças desenvolvam a interação social e a comunicação. Por isso, os pesquisadores e pais de crianças com autismo têm trabalhado para identificar a desordem e começar a intervenção mais cedo.

Ozonoff, que dirige o Instituto MIND e coordena projetos de detecção precoce em bebês com risco de desenvolver autismo, diz que: “Queremos fazer os encaminhamentos para a intervenção precoce logo que há sinais de que um bebê possa estar desenvolvendo autismo”. Mas a pesquisadora reconhece que “Em muitas partes do país e do mundo, os serviços que abordam habilidades de desenvolvimento específico para o autismo não estão disponíveis para crianças tão jovens”, o que sinaliza os desafios no emprego do método.

Como os pais podem ajudar suas crianças com autismo: a eficácia das sessões “um a um” e de se seguir os interesses da criança

O tratamento utilizado no estudo foi baseado na abordagem conhecida como Early Start Denver Model (ESDM), desenvolvida por Rogers e Geraldine Dawson, professora de Psiquiatria, Psicologia e Pediatria da Universidade Duke, na Carolina do Norte.

Tendo o Early Start Denver Model como pano de fundo, os pais foram orientados a apoiar, de forma individualizada, as necessidades de desenvolvimento de seus filhos, além de observar os interesses das crianças, priorizando a criação de rotinas sociais prazerosas. A intervenção teve como objetivos aumentar a atenção das crianças para a voz e os rostos dos pais; aumentar as interações entre pais e filhos, trazendo sorrisos e prazer para ambos; aumentar a imitação de sons e ações intencionais; e fazer uso de brinquedos apenas para apoiar a atenção social da criança, e não competindo com ela.

O tratamento consistiu em 12 sessões de uma hora com as crianças e os seus pais, tendo sido seguido por um período de manutenção de seis semanas, com visitas quinzenais, e avaliações para acompanhamento em 24 e 36 meses.

As crianças que receberam a intervenção apresentaram uma redução significativa na gravidade do autismo entre 18 a 36 meses de idade, quando comparadas com um pequeno grupo de crianças com o mesmo grupo de sintomas e que não receberam a terapia. As crianças que receberam a intervenção tiveram um prejuízo menor quanto aos atrasos de linguagem e de desenvolvimento se comparadas aos dos demais quatro grupos de controle.

As limitações do estudo

Conforme mencionado no site da Universidade da Califórnia, considerando a natureza preliminar dos resultados, o estudo apenas sugere que o tratamento precoce dos sintomas possa vir a diminuir o surgimento de outras dificuldades mais tarde. Assim, a realização de mais estudos controlados seria necessária para testar e a avaliar a possibilidade de emprego do tratamento para um uso geral. No entanto, para os pesquisadores, os resultados deste estudo inicial são significativos e relevantes devido às idades dos bebês, ao número de sintomas e atrasos que exibiram no início da vida, ao número de grupos de comparação envolvidos no estudo, e ao fato de que a intervenção aplicada foi de baixa intensidade, podendo ser realizada pelos pais em suas rotinas diárias.

Rogers salienta que: “Meu objetivo é que crianças e adultos com sintomas de autismo possam ser capazes de participar com sucesso no dia a dia e em todos os aspectos da comunidade em que desejem participar: terem um trabalho satisfatório, atividades de lazer e relacionamentos, uma educação que atenda às suas necessidades e objetivos, um círculo de pessoas que amam, e estarem satisfeitos com as suas vidas”.

Gostou dessa reportagem? Acha que a ideia pode ser útil para famílias que você conhece? Então, acesse o Facebook e compartilhe este artigo. Ajude-nos a divulgar estas ideias!

 

 

 

 

 

O pensamento social como base para o comportamento social

Na edição atualizada e ampliada do livro “Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse”, a autora aprofunda a a discussão do tema da interação social explicando como a pessoa precisa aprender a “pensar socialmente” antes de conseguir comportar-se de acordo com as regras sociais.

Veja a seguir um trecho condensado do capítulo 8 do livro “Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse – Edição atualizada e ampliada”, de Ellen Notbohm, com a tradução de Mirtes Pinheiro.

Vamos ser honestos. Crianças com autismo ou síndrome de Asperger são consideradas “esquisitas” pela sociedade. O sofrimento que isso causa, tanto para a criança como para os pais, faz com que estes sintam uma necessidade imensa de “consertar” essa faceta do filho. Se competência social fosse uma função fisiológica, poderíamos desenvolvê-la com medicamentos, nutrição, exercícios ou fisioterapia. Se as crianças com autismo fossem curiosas, extrovertidas e tivessem motivação para aprender, poderíamos incluir inteligência social no currículo escolar.

Em geral, nossos filhos não são assim, e consciência social não é um conjunto de habilidades concretas que podem ser enumeradas. Regras básicas de boas maneiras (por favor e obrigado; use lenço de papel, e não a manga da blusa; espere a sua vez) podem e devem ser ensinadas, qualquer que seja o nível de função da criança, mas aprender a ficar à vontade entre outras pessoas no corre-corre e com as nuanças do dia a dia é infinitamente mais complexo. As habilidades sociais são o produto final de um organismo intrincado de elementos de desenvolvimento que denominamos “pensamento social”.

Assim como todos nós temos de aprender a andar antes de correr, temos de ensinar nossos filhos a “pensar socialmente” para que eles possam comportar-se de acordo com as regras sociais, com base em compreensão e intenção positiva, e não apenas por repetição mecânica ou medo das consequências. O pensamento social desafia o seu filho a incorporar contexto e perspectiva às suas ações – analisar os aspectos físicos, sociais e temporais do seu ambiente, levar em consideração os pensamentos e pontos de vista alheios; usar a imaginação compartilhada para brincar com um amigo; e compreender que os outros têm pensamentos e reações favoráveis ou nem tão favoráveis a ele, baseados no que ele diz e faz. O pensamento social é a fonte da qual se originam os nossos comportamentos sociais, e essa inteligência socioemocional pode desempenhar um papel mais importante no sucesso do seu filho no longo prazo do que a inteligência cognitiva.

O primeiro passo para ensinar uma criança com autismo a pensar socialmente consiste em deixar de lado qualquer pressuposição de que ela será capaz de adquirir sensibilidade social simplesmente ao observar pessoas que têm habilidades sociais, ou de que, de alguma maneira, um dia ela vai superar a sua inabilidade social. Até agora, o nosso sistema educacional tem baseado seus padrões curriculares na pressuposição incorreta de que todas as crianças nascem com o “cérebro social” intacto, ou seja, as áreas do cérebro responsáveis pelo processamento de informações sociais, e também num suposto desenvolvimento progressivo das habilidades sociais. Não faz sentido, e é totalmente injusto para com a criança, reagir às suas gafes sociais com base em tais pressuposições e, depois, culpar seu autismo quando nossas tentativas de ensiná-la não surtirem efeito. O que nossos filhos precisam é que mudemos nossa postura e comecemos a construir a percepção social deles em suas raízes.

Quando dizemos que queremos que nosso filho aprenda habilidades sociais, na verdade estamos almejando algo mais grandioso. Queremos que ele seja capaz de se ajustar ao mundo que o cerca, que seja independente na escola, no bairro, no trabalho e em seus relacionamentos pessoais. Mais do que seguir um livro de regras, ser social é um estado de ser confiante que se desenvolve quando as habilidades de pensamento social são cuidadosamente cultivadas, desde que a criança é pequenininha:

  • Tomada de perspectiva: ser capaz de enxergar e vivenciar o mundo com base em outros pontos de vista, e não no próprio ponto de vista, e de encarar essas diferentes perspectivas como oportunidades para aprender e crescer.
  • Flexibilidade: ser capaz de lidar com mudanças imprevistas na rotina e nas expectativas, conseguir reconhecer que os erros não são um resultado final, mas sim parte do aprendizado e do crescimento e que as decepções são uma questão de grau.
  • Curiosidade: despertar motivação para pensar no “porquê” das coisas – por que alguma coisa existe, por que sua existência é importante, por que outros se sentem da maneira como se sentem e como isso nos afeta e nos interessa.
  • Autoestima: acreditar nas próprias habilidades para se arriscar a tentar novas coisas, ter respeito e amor-próprio para conseguir compreender que os atos e comentários cruéis e irrefletidos por parte de outras pessoas dizem mais sobre elas mesmas do que sobre você.
  • Visão abrangente: entender que pensamento social e consciência social são parte de tudo o que fazemos, quer estejamos ou não interagindo com outras pessoas. Nós lemos histórias e tentamos imaginar a motivação das personagens e prever o que elas farão em seguida. Repassamos mentalmente algumas situações, imaginando se agimos ou não de forma apropriada em determinada ocasião. O seu filho pode lhe dizer: “Eu não ligo para esse negócio de socializar, sou feliz sozinho”. Talvez ele esteja sendo sincero naquele momento, e muita gente realmente prefere a solidão à socialização. Mas também é verdade que algumas crianças adotam uma atitude de displicência para não sofrer, pois elas realmente se importam, mas não têm o conhecimento, as habilidades e o apoio necessários para superar suas barreiras sociais e, dessa maneira, conseguir alcançar suas metas e realizar seus sonhos.
  • Comunicação: compreender que nós nos comunicamos mesmo quando não estamos falando. Michelle Garcia Winner (2008), que cunhou o termo “pensamento social” e é considerada uma das principais vozes nessa área, descreve quatro etapas da comunicação que se desenrolam numa sequência linear, em milissegundos, em geral inconscientemente:
    1. Nós pensamos a respeito dos pensamentos e sentimentos das outras pessoas, bem como dos nossos próprios.
    2. Estabelecemos uma presença física para que as outras pessoas compreendam a nossa intenção de nos comunicar.
    3. Monitoramos com o olhar como as pessoas estão se sentindo, agindo e reagindo ao que está acontecendo entre nós.
    4. Usamos a linguagem para nos relacionar com os outros.

Você reparou que a linguagem só entra na equação da comunicação como uma última etapa? No entanto, é essa etapa que nós, pais e professores, costumamos enfatizar. Se você ensinar apenas a quarta etapa, sem as outras três, deixará seu filho ou aluno mal-equipado, vulnerável e correndo um grande risco de ser menos eficaz e menos bem-sucedido em sua comunicação social.

Tratar a criança como se ela fosse igual aos seus colegas da mesma idade e com desenvolvimento típico, sem um ensino direto e concreto dos conceitos sociais, não vai produzir habilidades de pensamento social. Sem esse ensinamento direto, seu filho chegará à idade adulta com os mesmos problemas de comunicação social. Ensinar seu filho a pensar socialmente e ser sociável consiste em um mosaico de milhares e milhares de pequeninas oportunidades de aprendizado e embates que, devidamente canalizados, se fundirão numa base de autoconfiança. É preciso que você, na qualidade de pai ou mãe, professor ou guia, seja socialmente consciente 110% do tempo, que decomponha a rede de complexidades sociais e lhe ensine as nuanças sociais que ele tem tanta dificuldade de perceber.

“Com um passo de cada vez, chega-se ao topo da montanha”, diz o velho adágio. Um dos livros infantis favoritos do meu filho Connor contava a história de Sir Edmund Hillary e seu guia xerpa, Tenzing Norgay, os primeiros alpinistas a chegarem ao topo do monte Everest. Nós conversamos sobre a controvérsia levantada ao longo dos anos de que um deles teve de colocar o pé no topo da montanha primeiro. Em meio à especulação de que Tenzing chegou ao topo um ou dois passos à frente de Sir Edmund Hillary, que era mais famoso, Jamling, filho de Tenzing, falou à revista Forbes em 2001: “Eu perguntei isso a ele, que disse: ‘Isso não é importante, Jamling. Nós escalamos a montanha como uma equipe’.” Assim como Hillary, seu filho está fazendo sua primeira escalada. Seja seu xerpa, ajude-o a perceber que a vista ao longo do caminho pode ser espetacular.

Baixe aqui o eBook gratuito com o trecho condensado do livro das Dez Coisas.

Rolar para cima

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 17 a 20 de setembro

Investimento por participante:
1º lote: R$1428 até o dia 10/07/20 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 10/08/20 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 08/09/20 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 08 de setembro de 2020 (terça-feira).

Descontos em mais de um curso: Quem se inscrever em 2 cursos, também tem o desconto de 5% somado ao desconto por prazo de inscrição. Quem se inscrever em 3 ou mais cursos tem o desconto de 10% somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral dos cursos. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras.

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 24 a 27 de março

1º lote: R$1428 até o dia 17/12/21 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 15/02/22 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 15/03/22 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 15 de março de 2022 (terça-feira).

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.